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Produção de definições por crianças ou diferentes formas de explicar as coisas (2002)

  • Authors:
  • Autor USP: MARIANO, MARCIA REGINA CURADO PEREIRA - FFLCH
  • Unidade: FFLCH
  • Sigla do Departamento: FLL
  • Subjects: AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM; CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR
  • Language: Português
  • Abstract: A presente Dissertação de Mestrado tem como objetivo levantar questões relativas à gênese e ao uso de definições por crianças em idade pré-escolar. Considerando a definição um tipo particular de explicação - onde se explica o significado de um signo através do uso de palavras -, refletimos, entre outros aspectos, sobre os conceitos de explicação e de definição; sobre a relação entre linguagem e cognição; e sobre a capacidade metalingüística das crianças. A natureza discursiva da explicação e da definição, apontada, dentre outros autores, por F. François (1974; 1985; 1992), Borel (1980) e Halté (1988), nos conduz a observar a importância tanto de fatores lingüísticos, quanto, e, sobretudo, de fatores extralingüísticos na produção de definições. Verificamos, deste modo, que a forma de definir depende muito mais de variáveis - tais como: o quê definir; onde; a quem; para quê definir -, e do significado subjetivo que cada signo assume para a criança de acordo com suas experiências pessoais, do que de uma estrutura definicional convencionalizada ou de um significado dicionarizado. Entretanto, a leitura de textos específicos, como Lopes (1992) e Nascimento (1994), indica que nem sempre as definições são analisadas sob esta ótica. Nascimento (ibid.) nos auxilia a diferenciar a definição tradicional da definição discursiva. A definição tradicional baseia-se no padrão de definição aristotélica gênero próximo-diferença específica, e preocupa-se com a visão científica econceitual do objeto. Por outro lado, a definição discursiva mostra-se mais livre e ligada ao uso concreto da língua, o que a torna, neste sentido, diretamente relacionada à atividade dialógica da paráfrase. Para estabelecermos essa relação - entre definição e paráfrase - nos voltamos para os estudos de Hilgert (1993) e de Fuchs ) (1982; 1985), dentre outros, onde vemos que as atividades discursivas de reformulação, tais como as definições, constituem uma oportunidade para o falante garantir a compreensão de seu discurso pelo Outro. Por sua vez, a relação entre linguagem e cognição figura entre os principais componentes de nossa pesquisa, na medida em que através da definição a linguagem deixa de ser apenas um instrumento de comunicação para tornar-se um objeto do pensamento. As reflexões de Bronckart (1992) e os estudos de Piaget (1978; 1986), Vygotsky (1987; 1999) e Wallon (1989), permitem que nos aprofundemos nessa questão e encontremos um fio condutor para a análise do papel de alguns processos cognitivos na produção de definições. A partir destes autores, discutimos sobre estratégias cognitivas, tais como abstração, generalização, memória e conceitualização, durante o processo de aquisição da linguagem e dos discursos. Caracterizando a definição como uma atividade metalingüística, recorremos a Gombert (1986), Rey-Debove (1978) e Hamby (1994) para organizar nossa reflexão sobre a ontogênese das atividades metalingüísticas, bem como sobre o carátermetalingüístico do discurso definicional. Tendo como base a fundamentação teórica apresentada, a análise dos dados, por sua vez, introduz mais um elemento indispensável na produção de definições: o Outro. A partir da observação dos diálogos, verificamos como os interlocutores se comportam em situações de definição, qual o papel do adulto na produção deste ato discursivo, e a função das definições nas interações verbais, dentre outros aspectos. Veneziano (1998), Lepoire (1999) e Coltier (1986) são alguns dos autores que colaboram nessa tarefa, auxiliando-nos a observar as condutas lingüísticas e pragmáticas utilizadas pelos sujeitos na ) produção de definições, em duas diferentes situações dialógicas: nas interações criança/adulto e grupo de crianças/adulto. Os resultados da análise mostram que as crianças da pré-escola são capazes de produzir definições através de diferentes estratégias lingüístico-pragmáticas, e que suas definições nem sempre são aceitas ou compreendidas pelo adulto. Por um lado, sua capacidade para definir vincula-se à facilidade para adaptar a estrutura tradicional da definição - X é Y - ao contexto e ao interlocutor. Por outro lado, esta aptidão se relaciona com as capacidades de abstração e reflexão, que as conduzem a definições baseadas em experiências subjetivas. Verificamos também, de acordo com os dados analisados, que a definição é favorecida por situações mais formais, que possuam um caráter didático. Neste perfil,encaixa-se a interação verbal criança/adulto - caracterizada como uma relação assimétrica -, em que o material utilizado, durante a situação de coleta dos dados, ofereceu vários elementos de base ao pesquisador para formular pedidos de definição do tipo o que é x? Já durante a interação verbal grupo de crianças/adulto, outros tipos de explicação se destacaram, tais como as explicações causais e as justificativas. O trabalho em grupo propiciou ainda as trocas discursivas e a construção conjunta de enunciados, dando ao diálogo um perfil mais descontraído e informal, não favorável ao discurso definicional, como indicou o menor número de definições produzidas nesta situação. Tal constatação indicou uma dependência maior do discurso definicional aos pedidos de definição e a situações dialógicas específicas, enquanto que outros tipos de explicação parecem mais aptos a ocorrer espontaneamente durante os diálogos. A heterogeneidade de definições identificada durante a análise dos dados nos levou a propor uma ) Tipologia de definições, cuja principal característica é a diversidade de maneiras encontradas pelas crianças para definir, e cujo principal objetivo é colaborar para uma melhor compreensão sobre a produção desse discurso por pré-escolares. Desta forma, verificamos que não existem "boas ou más definições", mas sim, diferentes formas de definir, que são produtos de diferentes condutas verbais, e de formas subjetivas de pensar e verbalizar esse pensamento em umdeterminado contexto comunicativo
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 08.08.2002

  • How to cite
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    • ABNT

      MARIANO, Márcia Regina Curado Pereira. Produção de definições por crianças ou diferentes formas de explicar as coisas. 2002. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. . Acesso em: 03 maio 2024.
    • APA

      Mariano, M. R. C. P. (2002). Produção de definições por crianças ou diferentes formas de explicar as coisas (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
    • NLM

      Mariano MRCP. Produção de definições por crianças ou diferentes formas de explicar as coisas. 2002 ;[citado 2024 maio 03 ]
    • Vancouver

      Mariano MRCP. Produção de definições por crianças ou diferentes formas de explicar as coisas. 2002 ;[citado 2024 maio 03 ]


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