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Estudo prospectivo, placebo controlado, testando o efeito do treinamento físico aeróbico em pacientes com angina microvascular (2016)

  • Authors:
  • Autor USP: CARVALHO, EDUARDO ELIAS VIEIRA DE - FMRP
  • Unidade: FMRP
  • Sigla do Departamento: RCM
  • Subjects: CORAÇÃO; VASOS CORONÁRIOS; TREINAMENTO FÍSICO; QUALIDADE DE VIDA; CINTILOGRAFIA
  • Language: Português
  • Abstract: Embasamento racional: O uso rotineiro da cineangiocoronariografia tem demonstrado que nem todos os pacientes com suspeita clínica de doença arterial coronária (DAC) apresentam-se com lesões obstrutivas nas artérias coronárias epicárdicas. Esse achado de dor precordial associado a coronárias angiograficamente normais é relativamente comum, estando presente em aproximadamente 30% dos pacientes que realizam cateterismo cardíaco para investigação de DAC. Em uma parcela destes pacientes a isquemia miocárdica está presente e pode ser demonstrada através de um teste ergométrico convencional ou até mesmo pela aplicação da cintilografia miocárdica de perfusão (CMP) que é um método de maior acurácia para detecção da extensão/gravidade da isquemia. Pacientes que apresentam o quadro de dor precordial associada a coronárias angiograficamente normais e defeitos perfusionais reversíveis (DPR) na CMP são diagnosticados como portadores de disfunção microvascular coronária (DMC). Esta síndrome pode ser classificada como angina microvascular primária (AMP), quando não está associada à doença miocárdica. Por outro lado, quando vem acompanhada da cardiomiopatia dilatada é definida como angina microvascular associada à cardiomiopatia (AM-CMP). Ainda que muito se conheça em relação à sua fisiopatologia, essa síndrome não dispõe de opções terapêuticas adequadas. Objetivo: Os objetivos do presente estudo são avaliar o efeito do treinamento físico aeróbico (TFA) sobre as alterações da perfusão miocárdica, da capacidade física, da qualidade de vida e dos sintomas anginosos em pacientes com diagnóstico de AMP e AM-CMP. Pretende-se ainda investigar os mecanismos envolvidos na melhora da perfusão miocárdica, induzida pelo TFA, em pacientes com DMC. Métodos: Foram estudados prospectivamente 40 pacientes com diagnóstico de disfunção microvascular coronária – dor precordial, artérias coronárias livres de lesões obstrutobstrutivas de qualquer magnitude e presença de dois ou mais segmentos miocárdicos com DPR documentados pela CMP. Destes, 20 indivíduos apresentavam AMP e foram divididos em dois grupos: Grupo Controle, composto por 9 pacientes (8 mulheres), com idade média de 53,33 ± 7,43 anos; e Grupo Treinado, composto por 11 pacientes (6 mulheres), com idade média de 57,73 ± 9,01 anos. O restante dos pacientes, 20 indivíduos, apresentavam AM-MCP e também foram divididos em dois grupos: Grupo Controle, composto por 9 voluntários (4 mulheres), com idade média de 55,78 ± 11,98 anos; e Grupo Treinado, composto por 11 pacientes (6 mulheres), com idade média de 60 ± 7,75 anos. Os defeitos perfusionais nas imagens de repouso e esforço foram semiquantificados, mediante atribuição de escores visuais (0 = normal; 4 = ausente) em modelo de 17 segmentos das paredes do ventrículo esquerdo. Foram calculados para cada paciente escores somados nas imagens de repouso e estresse e a extensão global da reversibilidade (isquemia) foi medida pelo escore da diferença estresse-repouso. Teste cardiopulmonar (TCP) em esteira ergométrica foi usado para obtenção do VO2 pico e prescrição da intensidade do TFA. Todos foram submetidos ainda, na avaliação basal e reavaliação, à avaliação pela tonometria arterial periférica, para estudo da resposta da microcirculação arterial periférica ao estímulo de hiperemia reativa (vasodilatador - RHI) e ao estímulo simpático (teste “cold-pressor” – vasoconstrictor - CPT). A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) foi coletada em repouso supino para estudo do controle autonômico cardíaco nos domínios do tempo e da frequência. Por fim, os pacientes responderam a um questionário de qualidade de vida – SF36. Após as avaliações basais os indivíduos dos grupos treinados (AMP e AM-CMP) foram submetidos a TFA durante três meses em esteira ergométrergométrica, três vezes por semana, uma hora por dia e com intensidade prescrita entre 60% e 85% do VO2 pico atingido no TCP. Ao final dos três meses os todos os pacientes (controles e treinados) foram novamente avaliados pelas mesmas técnicas utilizadas na avaliação basal. Resultados: Nos grupos controles, tanto nos pacientes com AMP como nos pacientes com AMCMP, não foi observada melhora significativa em nenhuma das variáveis estudadas, da avaliação basal para a reavaliação. No grupo treinado dos pacientes com AMP foi observada, entre as avaliações basais e pós-treinamento, melhora estatisticamente significante na redução do DPR (5,64 ± 2,54 para 2,55 ± 3,78 – p = 0,03), do número de segmentos do ventrículo esquerdo (VE) isquêmicos (5,09 ± 2,59 para 2 ± 2,65 – p = 0,01), do escore somado no pico do estresse na CMP (6 ± 2,72 para 2,73 ± 3,85 – p = 0,01), aumento do VO2 pico (19,09 ± 4,3 para 21,39 ± 5,25 ml/Kg/min – p = 0,001), do VO2 no limiar de anaerobiose ventilatório (10,44 ± 2,24 para 13,28 ± 2,45 ml/Kg/min – p = 0,001), do pulso de oxigênio pico (11,6 ± 1,94 para 12,59 ± 1,84 ml/bpm – p = 0,03), redução da frequência cardíaca de repouso (62,91 ± 9,55para 56,76 ± 7,73 bpm – p = 0,04) e melhora nos domínios analisados pelo SF36 relacionados (p < 0,05). Não foi documentada diferença significativa na avaliação das variáveis estudadas durante a tonometria arterial periférica (RHI: de 2,23 ± 0,45 % para 2,26 ± 0,58 %; CPT: de 0,64 ± 0,18 % para 0,69 ± 0,18 %; p > 0,05) e da VFC (LF: de 43,03 ± 21,56 u.n. para 36,29 ± 18,11 u.n.; HF: de 56,93 ± 21,53 u.n. para 63,71 ± 18,11 u.n.; p > 0,05). No grupo treinado dos pacientes com AM-MCP foi observada, entre as avaliações basais e póstreinamento, melhora estatisticamente significante na redução do DPR (7,73 ± 3,93 para 2,45 ± 4,7– p = 0,003), do número de segmentos doventrículo esquerdo (VE) isquêmicos (5,09 ± 2,59 para 2 ± 2,65 – p = 0,01), do escore somado no pico do estresse na CMP (6 ± 2,72 para 2,73 ± 3,85 – p = 0,01), aumento do VO2 pico (19,09 ± 4,3 para 21,39 ± 5,25 ml/Kg/min – p = 0,001), do VO2 no limiar de anaerobiose ventilatório (10,44 ± 2,24 para 13,28 ± 2,45 ml/Kg/min – p = 0,001), do pulso de oxigênio pico (11,6 ± 1,94 para 12,59 ± 1,84 ml/bpm – p = 0,03), redução da frequência cardíaca de repouso (62,91 ± 9,55para 56,76 ± 7,73 bpm – p = 0,04) e melhora nos domínios analisados pelo SF36 relacionados (p < 0,05). Não foi documentada diferença significativa na avaliação das variáveis estudadas durante a tonometria arterial periférica (RHI: de 2,23 ± 0,45 % para 2,26 ± 0,58 %; CPT: de 0,64 ± 0,18 % para 0,69 ± 0,18 %; p > 0,05) e da VFC (LF: de 43,03 ± 21,56 u.n. para 36,29 ± 18,11 u.n.; HF: de 56,93 ± 21,53 u.n. para 63,71 ± 18,11 u.n.; p > 0,05). No grupo treinado dos pacientes com AM-MCP foi observada, entre as avaliações basais e póstreinamento, melhora estatisticamente significante na redução do DPR (7,73 ± 3,93 para 2,45 ± 4,7– p = 0,003), do número de segmentos do ventrículo esquerdo (VE) isquêmicos (6,91 ± 2,95 para 2,91 ± 4,09 – p = 0,007), do escore somado no pico do estresse na CMP (10 ± 5,22 para 6,18 ± 7,97 – p = 0,04), aumento do VO2 pico (16,32 ± 3,89 para 18,67 ± 3,52 ml/Kg/min – p = 0,003), do VO2 no limiar de anaerobiose ventilatório (10,36 ± 2,17 para 12,9±2,53 ml/Kg/min – p = 0,001) e melhora nos domínios analisados pelo SF36 relacionados (p < 0,05). Assim como observado no grupo de pacientes com AMP, não foi documentada diferença significativa na avaliação da tonometria arterial periférica dos pacientes com AM-CMP (RHI: de 1,97 ± 0,38 % para 2,08 ± 0,58 %; CPT: de 0,65 ± 0,15 % para 0,57 ± 0,16 %; p > 0,05). Conclusão: Os resultados mostramque o TFA aplicado aos pacientes com AMP e AM-CMP foi associado à significativa melhora da capacidade física, da qualidade de vida, incluindo melhora dos escores de dor e redução dos defeitos perfusionais reversíveis (extensão/gravidade da isquemia). No presente estudo não foi possível documentar uma associação entre as melhoras de perfusão miocárdica e mudanças na função microvascular periférica, assim como, no controle autonômico cardíaco
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 24.11.2016

  • How to cite
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    • ABNT

      CARVALHO, Eduardo Elias Vieira de. Estudo prospectivo, placebo controlado, testando o efeito do treinamento físico aeróbico em pacientes com angina microvascular. 2016. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2016. . Acesso em: 10 jun. 2024.
    • APA

      Carvalho, E. E. V. de. (2016). Estudo prospectivo, placebo controlado, testando o efeito do treinamento físico aeróbico em pacientes com angina microvascular (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
    • NLM

      Carvalho EEV de. Estudo prospectivo, placebo controlado, testando o efeito do treinamento físico aeróbico em pacientes com angina microvascular. 2016 ;[citado 2024 jun. 10 ]
    • Vancouver

      Carvalho EEV de. Estudo prospectivo, placebo controlado, testando o efeito do treinamento físico aeróbico em pacientes com angina microvascular. 2016 ;[citado 2024 jun. 10 ]


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