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Pequenos roedores holocênicos do nordeste do Rio Grande do Sul: Descrevendo comunidades e suas respostas ante as mudanças ambientais (2018)

  • Authors:
  • Autor USP: ROTH, PAULO RICARDO DE OLIVEIRA - ESALQ/CENA
  • Unidade: ESALQ/CENA
  • Sigla do Departamento: LCB
  • Subjects: COMUNIDADES ANIMAIS; HOLOCENO; MUDANÇA CLIMÁTICA; PALEOAMBIENTES; ROEDORES
  • Language: Português
  • Abstract: A preservação de remanescentes de pequenos vertebrados é um evento bastante raro porque é necessário que fatores químicos, físicos, geológicos e biológicos atuem para que frágeis ossos e dentes não sejam destruídos pela decomposição, intempéries e processos geológicos. Apesar de raros, os testemunhos deste tipo de fauna são encontrados em escavações em abrigos sob rocha do nordeste (NE) do Rio Grande do Sul (RS). Muitas espécies de micromamíferos são excelentes bioindicadores porque possuem diferentes exigências ambientais e muitas ocupam nichos bastante específicos. Os estudos destes testemunhos contribuem para o entendimento da evolução morfológica e da história biogeográfica dos grupos preservados. Noutra via, o reconhecimento de comunidades pretéritas possibilita a reunião de informações que auxiliam no entendimento da história ambiental e climática de uma região. Portanto, a disponibilidade de coleções de fósseis e semi-fósseis de comunidades de pequenos mamíferos representa uma oportunidade única para compreendermos a história do estabelecimento de atuais padrões biológicos, ecológicos, ambientais e climáticos. Com base nas amostras de comunidades pretéritas de pequenos roedores (<1Kg) do NE do RS, meus objetivos são: descrever a história holocênica do clima e paisagem que resultaram na heterogeneidade de ambientes vista hoje na região de estudo (Capítulo 1) bem como também apresentar como àquelas mudanças afetaram as comunidades de roedores ao longo dos últimos 6.200 anos (Capítulo 2); utilizar dados novos de variações ao longo do tempo de três fontes (isótopos, fauna e pólen) associando-as as hipóteses disponíveis de trabalhos em palinologia principalmente, para contar a história dos processos naturais que resultaram nas riquezas de pequenos roedores e de ambientes hoje vistas na transição leste ente Pampa e Mata Atlantica(Capítulo 3) e; investigar na morfologia de Pseudoryzomys do passado buscando encontrar sinais de adaptação frente as mudanças de ambiente e discutir se tais diferenças são suficientes para reconhecer nas populações extintas do sul uma nova espécie (Capítulo 4). Para caracterizar os hábitats atuais e pretéritos, emprego dados de literatura, amostragem em campo de dados fisionômicos e florísticos e amostras de solo (para avaliação isotópicas), para inferir que, nas terras baixas da bacia do Sinos, até 8.600 anos AP o clima devia ser ameno e relativamente úmido possibilitando um ambiente de mistura entre plantas C3 e C4; entre 8.600 e 6.900 anos AP altas temperaturas e, provavelmente intensa pluviometria levam a um rápido domínio de campos de vegetação C4; de 6.900 a 5.600 as temperaturas se tornam mais amenas e o clima se mantêm úmido fomentando os primeiros avanços de formações florestais pioneiras associadas a Mata Atlantica; após 5.600, sobretudo após 4.000 anos AP., as florestas do bioma Atlântico avançam sobre as áreas abertas e úmidas formando a paisagem em mosaico característica atual. Para descrever a diversidade pretérita, analisei 13.617 ossos (inteiros e fragmentados) de pós-crânio e 1.716 partes cranianas e dentes de pequenos roedores, cujas idades inferidas vão desde 6.200 antes do presente até o recente e identifiquei 30 táxons. Para a descrição da diversidade atual, amostrei sete sítios nos quais coletei cerca de 5 Kg pelotas de corujas (provavelmente o mesmo agente formador das amostras pretéritas), que resultaram em 1.595 fragmentos, que permitiram a identificação de 18 táxons distintos. Reunindo as amostras pretéritas e atuais, pude organizar um catálogo desta fauna, que reúne 33 táxons dentre os quais destaco cinco extintos localmente, Kunsia sp., Clyomys sp., Pseudoryzomys simplex, Necromys cf.obscurus e cf. Thalpomys e, uma totalmente extintas, Dicolpomys fossor. A fim de estabelecer cenários paleoclimáticos e descrever as alterações nestas comunidades ao longo do Holoceno (Cap. 3), eu integrei as informações sobre a diversidade de hábitats e de espécies no passado e no presente, a dados palinológicos e isotópicos, e pude estabelecer que, no geral, há razoável coerência entre os cenários de mudança paleoambientais estabelecidos em trabalhos polínicos com as interpretações que pude fazer a respeito daquelas mudanças a partir de analises de mudanças de comunidade de roedores e de oscilações isotópicas no solo. Como principal ressalva as hipóteses de mudanças Holocênicas na paisagem, argumento que toda a região de várzea entre os rios Taquari, Jacui, Caí, Sinos e Gravataí deve ter sido dominada por amplas áreas alagadas num cenário muito próximo ao Pantanal devido a presença entre os semifosseis de táxons de roedores que hoje prosperam nesse bioma e pela presença de Blastocerus dichotomus, o qual era predado por índios no RS e hoje possui uma população relictual na APA do Banhado Grande, RS. No Cap. 4 realizo uma abordagem relativamente inédita para Sigmodontinae onde verifico através de morfometria geométrica que o efeito de desgaste dentário é bastante diferente entre populações antigas e atuais de Pseudoryzomys e, associando analises morfológica lineares discuto que o conjunto de variações dever ter estreita relação com a "tentativa" da população a se manter ante a mudança de cenário e, consequentemente, de dieta
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 07.12.2018
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    • ABNT

      ROTH, Paulo Ricardo de Oliveira. Pequenos roedores holocênicos do nordeste do Rio Grande do Sul: Descrevendo comunidades e suas respostas ante as mudanças ambientais. 2018. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2018. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-29032019-102158/. Acesso em: 30 abr. 2024.
    • APA

      Roth, P. R. de O. (2018). Pequenos roedores holocênicos do nordeste do Rio Grande do Sul: Descrevendo comunidades e suas respostas ante as mudanças ambientais (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, Piracicaba. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-29032019-102158/
    • NLM

      Roth PR de O. Pequenos roedores holocênicos do nordeste do Rio Grande do Sul: Descrevendo comunidades e suas respostas ante as mudanças ambientais [Internet]. 2018 ;[citado 2024 abr. 30 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-29032019-102158/
    • Vancouver

      Roth PR de O. Pequenos roedores holocênicos do nordeste do Rio Grande do Sul: Descrevendo comunidades e suas respostas ante as mudanças ambientais [Internet]. 2018 ;[citado 2024 abr. 30 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-29032019-102158/


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