Exportar registro bibliográfico


Metrics:

D. Distúrbios quimiossensoriais na primeira onda de infecção do COVID-19 no Brasil: um estudo de prevalência, recuperação e associações clínicas (2023)

  • Authors:
  • Autor USP: BRANDÃO NETO, DEUSDEDIT - FM
  • Unidade: FM
  • DOI: 10.11606/T.5.2023.tde-05052023-120819
  • Subjects: COVID-19; EPIDEMIOLOGIA; ESTUDOS DE COORTES; QUESTIONÁRIOS
  • Keywords: Anosmia; Cohort studies; COVID-19; Epidemiology; Questionnaires; Recovery of physiological function; SARS-CoV-2; Smell disorders
  • Language: Português
  • Abstract: A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) e foi alçada à categoria de pandemia pela Organização Mundial da Saúde em março de 2020. A infecção tem amplo espectro de apresentações clínicas, com a maior parte dos pacientes manifestando um quadro de síndrome gripal. A sua severidade também varia desde formas assintomáticas, passando por sintomas leves de vias aéreas até quadros graves de dispneia, com necessidade de ventilação mecânica, e eventualmente, evoluindo para o óbito. Dentre os sintomas presentes na COVID-19, os distúrbios quimiossensoriais, principalmente do olfato e paladar, ganharam progressiva atenção da população e da comunidade científica, visto a sua importância na segurança e qualidade de vida dos pacientes. Os dados sobre a prevalência das queixas olfativas e gustativas publicados até o início deste estudo eram discrepantes e variavam de 5% a 85%, bem como eram escassos os dados sobre severidade e o padrão de recuperação desses sentidos após a fase aguda da doença. O presente estudo teve como objetivo estimar a porcentagem de perdas olfativas e gustativas relatadas, as suas gravidades, duração e o tempo de recuperação em pacientes infectados nos meses iniciais da pandemia. Este estudo seguiu uma coorte de pacientes com idades entre 18 e 65 anos, com diagnóstico de COVID-19 confirmado através de teste de RT-PCR, recrutados entre 10 e 30 de abril de 2020 e um subgrupo de indivíduos recrutados consecutivamente entre 16 de abrile 24 de agosto de 2020 para avaliação com testes psicofísicos (UPSIT) seriados. Foram excluídos pacientes com disfunção olfativa preexistente relatada, histórico de lesão cerebral traumática, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, epilepsia, acidente vascular cerebral, paralisia de qualquer membro ou uso de medicamentos psiquiátricos (exceto para depressão). Os pacientes foram recrutados pela internet, pessoalmente ou por telefone após passagem pelo hospital. Todos os pacientes incluídos aceitaram o termo de consentimento livre e esclarecido e então responderam um questionário sobre queixas nasais, gerais, bem como um questionário de qualidade de vida com foco em obstrução nasal (NOSE-p3). Os dados sobre a recuperação olfativa foram coletados de duas formas: entrevistas por telefone baseadas em autorrelato e no seguimento com UPSIT quinzenal até 03 meses do início da perda ou a recuperação para níveis de normosmia, o que ocorresse primeiro. Para estimar a prevalência da queixa, utilizamos o autorrelato de ser incapaz de sentir os cheiros ou os gostos após ou no início de outros sintomas de COVID-19. A incapacidade de reconhecer salgado, doce, azedo e amargo foi o utilizado para estimar a prevalência de alteração gustativa qualidade-específica. A gravidade dos déficits quimiossensoriais foi avaliada com uma escala visual analógica de 11 pontos de 0 (função normal) a 10 (sem função); pacientes com pontuação 10 foram considerados anósmicos ou agêusicos. A magnitude doincomodo com estes sintomas foi verificada com uma escala semelhante (0, nenhum incomodo; 10, muito incomodo). Os escores de 1 a 3, 4 a 7 e 8 a 10 foram considerados leves, moderados e graves, respectivamente. Entre os 655 pacientes analisados, 82,4% relataram a presença de disfunção olfativa, com uma maior prevalência entre os pacientes entrevistados online (85,9%) em comparação com os pacientes entrevistados no hospital (65,1%). Quanto ao paladar, 76,2% queixaram-se de diminuição geral do gosto e 52,2% citaram redução de gustação qualidade-específica. Assim como no olfato, os pacientes do grupo online apresentaram maior prevalência de alteração de paladar em comparação aos internados: diminuição geral do gosto, 79% x 61,8% e redução de gustação qualidade-específica 55,5% x 36,1%. Em relação à severidade da perda olfativa, 5,9% relataram microsmia leve, 13,9% microsmia moderada e 60,9% microsmia severa ou anosmia. Quanto a redução da percepção geral de gosto, 7,8% relataram alteração leve, 23,4% moderada e 45,5% grave ou total. Não foi encontrada associação entre perdas olfativa e gustativa e a gravidade da COVID-19. Em uma mediana de tempo maior que 2 meses após o início dos sintomas, as taxas autorrelatadas de recuperação total, parcial e ausência de recuperação foram de 53,8%, 44,7% e 1,4% respectivamente para o olfato. Em relação a recuperação do paladar, 68,3% relataram recuperação total; 27,6%, recuperação parcial e 4,1% sem recuperação. As mulheres tiveram 80% menoschance de recuperar totalmente olfato em comparação com os homens, mas essa associação não foi encontrada para o paladar. Os dados de recuperação obtidos através de teste psicofísico de 60 pacientes corroboraram os obtidos por autorrelato e apontaram 53,3% normósmicos, 43,3% hipósmicos e 3,3% anósmicos. O presente estudo demonstrou elevadas prevalência e severidade da alteração olfativa e gustativa em pacientes infectados pela COVID-19, bem como chamou atenção para uma taxa de recuperação preocupante. Os dados deste trabalho reforçam a necessidade de mais estudos clínicos focados em intervenções que sejam eficazes, seguras e acessíveis para a reabilitação desses pacientes
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 18.01.2023
  • Acesso à fonteAcesso à fonteDOI
    Informações sobre o DOI: 10.11606/T.5.2023.tde-05052023-120819 (Fonte: oaDOI API)
    • Este periódico é de acesso aberto
    • Este artigo é de acesso aberto
    • URL de acesso aberto
    • Cor do Acesso Aberto: gold
    • Licença: cc-by-nc-sa

    How to cite
    A citação é gerada automaticamente e pode não estar totalmente de acordo com as normas

    • ABNT

      BRANDÃO NETO, Deusdedit. D. Distúrbios quimiossensoriais na primeira onda de infecção do COVID-19 no Brasil: um estudo de prevalência, recuperação e associações clínicas. 2023. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5143/tde-05052023-120819/. Acesso em: 13 maio 2024.
    • APA

      Brandão Neto, D. (2023). D. Distúrbios quimiossensoriais na primeira onda de infecção do COVID-19 no Brasil: um estudo de prevalência, recuperação e associações clínicas (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5143/tde-05052023-120819/
    • NLM

      Brandão Neto D. D. Distúrbios quimiossensoriais na primeira onda de infecção do COVID-19 no Brasil: um estudo de prevalência, recuperação e associações clínicas [Internet]. 2023 ;[citado 2024 maio 13 ] Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5143/tde-05052023-120819/
    • Vancouver

      Brandão Neto D. D. Distúrbios quimiossensoriais na primeira onda de infecção do COVID-19 no Brasil: um estudo de prevalência, recuperação e associações clínicas [Internet]. 2023 ;[citado 2024 maio 13 ] Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5143/tde-05052023-120819/

    Últimas obras dos mesmos autores vinculados com a USP cadastradas na BDPI:

    Digital Library of Intellectual Production of Universidade de São Paulo     2012 - 2024