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Arte ou artifício (1966)

  • Autor:
  • Autor USP: LOTUFO, ZENON - EP
  • Unidade: EP
  • Sigla do Departamento: PCC
  • Assunto: CONSTRUÇÃO CIVIL
  • Language: Português
  • Abstract: Na linguagem técnica adota-se a palavra estrutura para designar o arcabouço ou ossatura de uma construção. Infraestrutura ou superestrutura são partes da estrutura do edifício, significando sempre os elementos de sustentação ou de transmissão de esforços. Quando a construção não dispõe de arcabouço metálico ou de concreto armado, isto é, quando os elementos de sustentação são contínuos, como as paredes, tendo a alvenaria de pedra ou de tijolos a incumbência de receber e transmitir as cargas, dizemos que ela não dispõe de estrutura. Paul Guillaume no seu livro “La Psychologie de la Forme” emprega a palavra Forma, ainda que, diz ele, não corresponda inteiramente à palavra alemã Gestalt que melhor se poderia traduzir por estrutura, organização. Segundo Caldas Aulete (Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa), estrutura abrande conceitos muito mais amplos que o restrito de arcabouço e está muito mais próxima de sentido que lhe empresta a Gestaltheorie “a composição, construção, organização e disposição arquitetônica de um edifício. Estrutura de um palácio, de uma tôrre, de uma casa. Armação, esqueleto, arcabouço (de edifício ou máquina). Estrutura atômica, distribuição dos átomos na molécula. Estrutura molecular, distribuição das moléculas de um corpo. A maneira especial por que estão dispostas em relação umas às outras as diferentes partes de um corpo: a estrutura de um cristal. A ordem, a distribuição ou disposição das diferentes partes que compõem uma obra literária.” Sem dúvida, estrutura sugere forte e implicitamente a ideia de organização, composição de coisas, relação entre partes de um todo, constituindo uma forma. Na segunda parte deste trabalho, baseados nas leis da Gestalt, vamos verificar que as relações entre as partes estão sujeitas ao tempo e ao espaço e as proporçõesentre si, podendo a forma resultante da aglutinação de várias partes tornar-se uma nova entidade, uma estrutura diferente de cada uma das partes e na qual estas provavelmente perderão sua individualidade ou personalidade. O velho trinômio – função – forma – estrutura – que os latinos chamavam de “utilitas – venustas – firmitas” – que traduzidos literalmente dizem – utilidade – (bem próxima de nossa função); - “venustas” – (beleza) quando falamos em forma, de certo modo pretendemos que seja forma boa, forma forte, forma bela – parecendo estar implícita nessa palavra a ideia de organização, composição, estrutura; - “firmitas” – firmeza, solidez. Poderíamos também admitir para “firmitas” o bom sentido de estabilidade – na qual não se admite com exclusividade a ideia de arcabouço – esqueleto – mas sim a de perfeita execução, onde os efeitos da gravitação foram eficientemente controlados. Poderá ter estabilidade tanto o edifício construído de alvenaria de pedras, tijolos, mármore, madeira, como o que dispõe do arcabouço em concreto armado ou em aço. No mesmo Caldas Aulete encontramos entre outros sentidos interessantes da palavra forma, o seguinte: estrutura, disposição e estilo da obra de arte literária, artística, musical ou plástica. O trinômio – função, forma, estrutura – será portanto vantajosamente substituído por – função, forma, estabilidade. No primeiro caso, temos duas palavras com funções congêneres se existe forma existe estrutura, desnecessária será esta palavra; é redundância. No segundo caso a estabilidade pode conter ou não arcabouço; oselementos de sustentação poderão ser contínuos (o muro, a parede) ou isolados (colunas ou pilares); muito ou pouco afastados. O uso consagrado na engenharia da palavra estrutura com a significação de arcabouço de um edifício ou a construção em si mesma, como no caso de uma ponte, não permite que se lhe altere esse sentido. Nem é o que se pretendeu, quando propusemos no trinômio – função, forma, estrutura – a substituição desta por estabilidade. Na língua italiana está bem exemplificado o que afirmamos, com o emprego da palavra ossatura que designa sempre o que chamamos de estrutura. Quando o engenheiro, por meio da matemática, calcula a sua estrutura, ele estará, involuntariamente ou não, criando uma forma, tanto melhor, quanto mais se aproxima da verdade matemática e das leis da boa forma. “O engenheiro, segundo Peter Bebrens, afogou-se no progresso técnico e não tem tido tempo para resolver problemas estéticos. Seu efeito estético não se deve mais que o azar”. Discordamos dessa afirmação, quanto às consequências da ação do engenheiro. O fato de, involuntariamente ou não, produzir uma forma boa, não se deve ao azar, mas que estará sempre próximo da criação estética, quanto mais se aproximar da verdade e das leis da boa forma, isto é, quanto melhor organizar ou relacionar os elementos de sua estrutura.
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 00.00.1966

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    • ABNT

      LOTUFO, Zenon. Arte ou artifício. 1966. Provimento de Cátedra – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1966. Disponível em: https://repositorio.usp.br/directbitstream/7cb080fc-7615-4470-abdc-c21a6fbe4a37/FT-250.pdf. Acesso em: 23 abr. 2024.
    • APA

      Lotufo, Z. (1966). Arte ou artifício (Provimento de Cátedra). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de https://repositorio.usp.br/directbitstream/7cb080fc-7615-4470-abdc-c21a6fbe4a37/FT-250.pdf
    • NLM

      Lotufo Z. Arte ou artifício [Internet]. 1966 ;[citado 2024 abr. 23 ] Available from: https://repositorio.usp.br/directbitstream/7cb080fc-7615-4470-abdc-c21a6fbe4a37/FT-250.pdf
    • Vancouver

      Lotufo Z. Arte ou artifício [Internet]. 1966 ;[citado 2024 abr. 23 ] Available from: https://repositorio.usp.br/directbitstream/7cb080fc-7615-4470-abdc-c21a6fbe4a37/FT-250.pdf

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