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A regeneração da floresta atlântica montana (1997)

  • Authors:
  • Autor USP: TABARELLI, MARCELO - IB
  • Unidade: IB
  • Sigla do Departamento: BIE
  • Assunto: FLORESTAS
  • Language: Português
  • Abstract: A regeneração das florestas tropicais, após distúrbio natural ou antrópico, tem sido interpretada como um processo de sucessão secundária o qual, para alguns autores, representa a melhor expressão das transformações sofridas, durante o processo de recuperação dos ecossistemas terrestres. Definida a regeneração como o processo pelo qual a floresta perturbada atinge características de floresta madura e a sucessão secundária, como mudanças na composição florística ao longo da regeneração, este estudo propôs-se a responder: (1) qual a relação entre a estrutura das clareiras, suas localizações e as características da comunidade colonizadora? (2) qual é o padrão de regeneração da floresta Atlântica montana, sugerido pela colonização da fase clareira, em relação à composição de guildas de espécies e aos fatores controladores da regeneração? (3) qual o modelo de sucessão da floresta após distúrbio natural? (4) quais as tendências de transformação das características da floresta, a ordem e a velocidade de restauração das mesmas, após distúrbio antrópico? (5) que guildas de regeneração estão envolvidas na regeneração da floresta e qual sua implicação para o processo de organização da sucessão? e (6) qual o modelo de sucessão da floresta montana, após distúrbio antrópico?. O estudo foi desenvolvido no Núcleo Santa Virgínia (45 graus 30'a 45 graus 11'W e 23 graus 17'a 23 graus 24'S), Parque Estadual da Serra do Mar, com área aproximada de 4794 ha, Município de São Luiz do Paraitinga,SP. A vegetação pode ser classificada como floresta tropical montana. Foram amostradas 30 clareiras naturais (30,4-500 'm POT.2') e quatro trechos de floresta (0,2 ha), com diferentes idades (10,18,40 e madura), caracterizando a comunidade destes locais, em relação às características da estrutura física, composição, riqueza, diversidade de espécies e composição de guildas. No local de estudo, as características estruturais das clareiras determinam parte do padrão de colonização e da composição de espécies encontradas nas mesmas. Comunidades colonizadoras não se distribuem aleatoriamente no conjunto das clareiras, já que clareiras pequenas apresentam maior diversidade de espécies e densidade total de indivíduos do que as grandes. Todavia, em média, 75% da variação nas características da comunidade colonizadora permanece inexplicada. As relações existentes entre área das clareiras, a altura do dossel adjacente, a cobertura morta e as características da comunidade colonizadora sugerem que estas três características constituem um índice de distúrbio, que funciona como mecanismo organizador da regeneração da floresta, em sua dimensão espacial. A partir deste pode-se prever, em parte, determinados padrões de colonização e de regeneração da floresta. Após a abertura de clareiras, a regeneração da floresta Atlântica montana é dominada por espécies tolerantes à sombra, sendo grande parte das espécies amostradas típicas de sub-bosque. As relaçõesnegativas existentes entre a densidade de espécies tolerantes à sombra e: (1) a área das clareiras e (2) a percentagem de cobertura morta sugere que fatores reguladores da regeneração estão associados à intensidade de distúrbio, corroborando a hipótese de que a velocidade de regeneração depende da intensidade deste. A sucessão da floresta montana após a abertura de clareiras segue, de modo geral, os modelos descritos para outras florestas tropicais. A principal diferença entre os modelos sucessionais encontrados no local de estudo e os observados em outras florestas tropicais, refere-se a importância qualitativa e quantitativa das árvores pioneiras. No local de estudo, a reduzida riqueza deste grupo de espécies pode ser conseqüência da baixa freqüência de grandes clareiras nesta floresta, da dominância de bambus e de bambusoides nas grandes clareiras e/ou da baixa freqüência de árvores desenraizadas, como origem das mesmas. Todos os modelos observados no local de estudo podem ser caracterizados como modelos de competição hierárquica, já que na fase inicial da sucessão encontra-se a maior parte dos componentes florísticos e das guildas de regeneração que compõem a sucessão. Se as relações observadas entre os grupos de espécies e a intensidade de distúrbio estão corretas, com o aumento do distúrbio, a sucessão passa de modelos de competição para modelos de sucessão obrigatória. Durante o processo de regeneração da floresta Atlânticamontana, após distúrbio antrópico, ocorre aumento da riqueza, da diversidade de espécies, do percentual de espécies zoocóricas, de sub-bosque, de espécies tolerantes à sombra e dos atributos físicos da floresta (área basal, volume), com exceção da densidade de indivíduos. Esta floresta restaura, em ordem decrescente de velocidade, a riqueza e a diversidade de espécies, a composição de guildas, a composição florística e, por último, os atributos da estrutura física, com exceção da densidade de indivíduos. Assumindo-se a linearidade temporal na velocidade das modificações, os resultados deste estudo sugerem que a floresta Atlântica montana regenera-se dentro dos padrões observados para o conjunto das florestas tropicais, já que a floresta com 40 anos apresenta entre 38 e 160% do valor observado na floresta madura, dependendo do atributo analisado. Esta floresta apresenta características que, mantidas a mesma intensidade de distúrbio e a matriz florestal circundante, podem lhe conferir maior resiliência do que as das florestas neotropicais úmidas de terras baixas. Características como a distribuiçào de diásporos por classes de tamanho e a importância relativa de grupos dispersores podem constituir fatores controladores da regeneração. Dependendo do intervalo ou do estádio sucessional analisado, entre 15,9 e 66,3% das espécies envolvidas na regeneração da floresta montana são generalistas em relação ao sítio de regeneração, sendo todastolerantes à sombra. Estes resultados sugerem que as transformações ocorridas durante a regeneração da floresta não são todas direcionais, organizadas pela partição de nicho. Parte das transformações é, provavelmente, probabilística, regulada por regras de agrupamento, como a distribuição não aletória dos diásporos por classes de tamanho ao longo do tempo. No local de estudo, a sucessão da floresta Atlântica montana pode ser dividida em quatro ou cinco estádios sucessionais, dependendo da intensidade de distúrbio sofrido pela floresta. Caracteriza-se não só pela substituição de espécies intolerantes à sombra por tolerantes, como também pela substituição direcional de formas de crescimento e de histórias de vida, a partir de espécies herbáceas, dominando consecutivamente, arbustos, árvores de ciclo de vida curto e de ciclo longo. O conjunto de eventos tratados neste estudo caracteriza a regeneração da floresta tropical como a restauração de uma condição pretérita, através de um conjunto de processos, muitos dos quais independentes. Não há evdências de que a regeneração da floresta constitui um processo de desenvolvimento da comunidade, organizado por propriedades emergentes ou se reduz a transformações florísticas direcionais, organizadas por um único processo. Dentro do contexto de regeneração da floresta tropical, a sucessão pode ser tratada como transformação florística, direcional ou não, que ocorre durante a regeneração e é responsável, em parte, pelarestauração de algumas das características da floresta. A análise dos itens discutidos corrobora a hipótese de que um conjunto de processos ao nível de população, relacionados à intensidade de distúrbio, constituem alguns dos mecanismos organizadores e controladores do processo de regeneração da floresta, no tempo e no espaço. Enfatiza a existência de características da floresta, como a riqueza e a ocorrência de bambus, como outro grupo de variáveis, que podem agir como fatores reguladores e organizadores da regeneração da floresta tropical
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 03.07.1997

  • How to cite
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    • ABNT

      TABARELLI, Marcelo. A regeneração da floresta atlântica montana. 1997. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997. . Acesso em: 20 abr. 2024.
    • APA

      Tabarelli, M. (1997). A regeneração da floresta atlântica montana (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
    • NLM

      Tabarelli M. A regeneração da floresta atlântica montana. 1997 ;[citado 2024 abr. 20 ]
    • Vancouver

      Tabarelli M. A regeneração da floresta atlântica montana. 1997 ;[citado 2024 abr. 20 ]

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