Estudos dos aspectos psicológicos e sua influência no desenvolvimento da hipertensão gestacional (2002)
- Authors:
- Autor USP: OKINO, ERIKA TIEMI KATO - FFCLRP
- Unidade: FFCLRP
- Sigla do Departamento: 594
- Subjects: PSICOLOGIA DA SAÚDE; PSICOLOGIA APLICADA
- Language: Português
- Abstract: A gestação pode ser considerada, dentro das etapas de desenvolvimento, para o homem, mas principalmente para a mulher, como um dos momentos de crise dentro desse processo contínuo e dinâmico. É um momento transitório existencial que envolve necessidade de reestruturações e reajustamentos em várias dimensões, verificando-se necessidade de, mudança de identidade e redefinição de papéis. Nesse período, existem alguns estados emocionais que são peculiares, com uma variedade de mudanças e nuances cuja etiologia ainda é bastante discutida, pois envolvem complexas inter-relações entre fatores hormonais e psicológicos. Encontra-se na literatura estreita vinculação entre intercorrências clínico-obstétricas e estados emocionais específicos, o que nos levou, neste trabalho, à investigar o porquê de algumas mulheres desenvolverem o quadro hipertensivo durante a gravidez e outras não. Haveria alguma coisa em seu perfil psicológico que as diferenciasse das grávidas normais? A gravidez acompanhada de hipertensão é uma das principais causas de morte materna em todo o mundo e por constituir-se numa gravidez de alto risco, todas as características peculiares a uma gravidez normal mostram-se exacerbadas. Dentro desse contexto, ainda existe o agravante do risco real de morte para a gestante e/ou o bebê e muitas vezes, a mulher responsabiliza-se por tal situação. Considerando-se todos estes aspectos, investigou-se neste trabalho o contexto social das gestantes, ou seja, suaestrutura familiar, condição sócio-econômica, relação com pai da criança, se houve ou não planejamento da gravidez e o perfil psicológico das gestantes hipertensas, comparando-as com as mulheres com gestação normal. Participaram deste estudo 20 gestantes primíparas, com idade gestacional a partir de 10 semanas, divididas em 2 grupos: 10 gestantes normais (grupo A) e 10 hipertensas (grupo B), sendo 5 hipertensas crônicas (B1) e 5 portadoras da Doença ) Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG)-B2. Utilizou-se um roteiro de entrevista semi-estruturado, o Desenho da Figura Humana (DFH), o DFH com tema e o Psicodiagnóstico de Rorschach. Todas as gestantes foram atendidas nos Ambulatórios de Gestação de Alto Risco (AGAR) e de Ginecologia e Obstetrícia do HC-FMRP/USP. A análise dos dados foi quantitativa e qualitativa e posteriormente, foi feita uma validação cruzada dos índices significativos das técnicas projetivas. Quanto ao tratamento dos dados: as entrevistas foram transcritas e elaboradas categorias de respostas; os protocolos dos desenhos analisados por 2 juízes e os protocolos do Rorschach codificados dentro da nomenclatura francesa, seguindo normas regionais. A análise das entrevistas demonstra que há características comuns aos dois grupos, relacionados ao fato da gravidez não ter sido planejada porém desejada e à não utilização, por parte da maioria, de métodos contraceptivos. Entretanto, observou-se diferenças entre os grupos em relação àestabilidade na relação com o companheiro no grupo A predominaram relações estáveis enquanto que no grupo B predominaram as relações instáveis; reação do companheiro e familiares em relação à gravidez -predominaram reações positivas no grupo A e negativas no grupo B; sentimentos da grávida em relação ao seu filho - as mães do grupo A referem sentimentos positivos, enquanto que no grupo B, os sentimentos são mais negativos; e aos medos - as gestantes do grupo A relatam medos referentes ao parto, enquanto que as do grupo B, referem-se à possibilidade de perda fetal. Em relação às técnicas projetivas, foi possível observar os seguintes resultados: há nos três grupos uma característica de coartação, ou seja, a existência de recursos adaptativos internos que, no momento, apresentam-se recolhidos, frente à forte tentativa de manter o controle racional sobre as vivências afetivas. Esse recolhimento pode ) ser decorrente da inabilidade em lidar com os seus afetos de forma mais equilibrada e satisfatória. Frente ao temor de perder o controle sobre esses impulsos, que se mostram neste momento em intensidade elevada, recorrem ao fechamento como forma de autoproteção. Todas as gestantes (grupo A e B) apresentaram uma forma mais introversiva na vivência de seus afetos, o que denota tendência em utilizar os recursos de forma mais voltada à reflexão. No grupo das gestantes normais, este esforço mostra-se eficiente na utilização de seus recursos, entretanto, apresentaramsentimentos de insegurança, egocentrismo, angústia e comportamentos regressivos, sentimentos esses esperados e considerados normais durante o período da gravidez. O grupo B1 (HAC), apresentou apego minucioso da realidade, ou seja, o ambiente é visto e vivenciado através de um estreitamento perceptivo, dificultando a comunicação com a realidade, num esforço de abarcá-la através da minuciosidade, gerando sentimentos de insatisfação pessoal e elevando os níveis de ansiedade. O grupo B2 (DHEG), apresenta uma tendência à ampliação do campo de atuação, tentando controlar a situação de forma ampla, deixando-as sobrecarregadas. Frente à imensidão de seus afetos, mostra-se insuficiente no controle dos mesmos, gerando sentimentos de insatisfação interna e , conseqüente elevação dos níveis de ansiedade. Portanto, podemos afirmar que os perfis de personalidade apresentados no grupo de hipertensas, aliados aos aspectos sociais, sugerem diferenças importantes que podem estar atuando no desenvolvimento do quadro hipertensivo na gravidez. Seria adequado que, no atendimento prestado a essas gestantes, houvesse uma diferenciação na forma de abordagem de cada grupo atendido, respeitando-se as respectivas qualidades e as dificuldades, com o objetivo de favorecer a adesão ao tratamento e manter os quadros estabilizados, aproximando-os o mais que possível ) da gestação normal
- Imprenta:
- Publisher place: Ribeirão Preto
- Date published: 2002
- Data da defesa: 19.09.2002
-
ABNT
OKINO, Erika Tiemi Kato. Estudos dos aspectos psicológicos e sua influência no desenvolvimento da hipertensão gestacional. 2002. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2002. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-22052009-112914/. Acesso em: 28 mar. 2024. -
APA
Okino, E. T. K. (2002). Estudos dos aspectos psicológicos e sua influência no desenvolvimento da hipertensão gestacional (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-22052009-112914/ -
NLM
Okino ETK. Estudos dos aspectos psicológicos e sua influência no desenvolvimento da hipertensão gestacional [Internet]. 2002 ;[citado 2024 mar. 28 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-22052009-112914/ -
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Okino ETK. Estudos dos aspectos psicológicos e sua influência no desenvolvimento da hipertensão gestacional [Internet]. 2002 ;[citado 2024 mar. 28 ] Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-22052009-112914/ - Princípios teóricos e possibilidades do Rorschach no Brasil
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