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Linguagem e paralinguagem: aspectos neurocognitivos - anexo relato de um caso de disprosódia emocional (2003)

  • Authors:
  • Autor USP: POSSENDORO, GERALDO JOSE - IP
  • Unidade: IP
  • Sigla do Departamento: PSE
  • Subjects: LINGUAGEM; TRANSTORNOS DA LINGUAGEM
  • Language: Português
  • Abstract: A primeira parte desta dissertação é uma tentativa de sistematizar em um texto único e multidisciplinar em português, as bases neurocognitivas da linguagem e da paralinguagem. São descritos os diferentes níveis linguísticos da fala, os quais são relacionados, posteriormente, a dados de natureza neurocientífica ou provenientes da psicologia cognitiva. Há uma descrição das "bases neurais da linguagem", além do estabelecimento de relações do "fenômeno linguagem" com dados da psicologia cognitiva, plasticidade cerebral e seleção natural, que é finalizada com a descrição clássica dos diferentes quadros disfásicos. Estudos com a tecnologia do "pet scan", e uma série de experimentos cognitivos e neurocognitivos, demonstram uma dissociação bastante sutil do fenômeno linguístico, o que pode manter paralelos com seu processamento neural. Há uma breve tentativa de relacionar aspectos neurocientíficos com o desenvolvimento da fala proposicional, que se aproxima da posição de Vygotsky (1934) quanto à ontogênese da fala e do pensamento verbal. Quanto à prosódia, demonstra-se uma falta de precisão nas definições presentes nos livros clássicos de neurociência cognitiva, seguida de possíveis correlações da paralinguagem com diferentes estruturas corticais e subcorticais.)Ressalta-se uma possível e forte suspeita da córtex cingulada (uma das regiões que mais leva a vocalizações de caráter afetivo mediante estimulação elétrica) como crucial na representação neural dodesenvolvimento do vínculo afetivo, além de se ressaltar relações possíveis da prosódia com a lateralidade e a gestualidade. É citada a classificação das disprosódias (déficits prosódicos) proposta por Ross e Gorelick (1987) - sem dúvida, considerada a mais coerente descrita até então - que gradualmente parece passar a ser vista como o correlato do "modelo clássico de Broca e Wernicke" (para as disfasias), sendo também necessária, neste caso, uma atualização deste modelo, (particularmente quanto ao provável papel de estruturas subcorticais no que se refere ao processamento prosódico). Há também a descrição de uma série de correlações importantes das disprosódias com as disprosopotimias (termo introduzido na literatura internacional por este trabalho), anosognosia, e dismusia, assim como com uma série de outras patologias como as esquizofrenias, as doenças de Huntington, Parkinson, Asperger, quadros demenciais, tartamudez, epilepsia temporal, lesões cerebrais (por acidente cerebral vascular, trauma de crânio, etc),e a síndrome do sotaque estrangeiro. Conclui-se, na primeira parte da dissertação, que poderia haver uma "síndrome não-verbal ou paralinguística" - descrita em 1983 por Mesulam e Weintraub - com variantes possíveis, a qual poderia ocorrer isoladamente (inclusive com um possível componente familiar) ou em consequência das diferentes condições mórbidas citadas. )A segunda parte desta dissertação, estudou o paciente ELM, que após traumatismo crânio-encefálicodecorrente de um atropelamento, apresentou como seqüela um quadro de aparente disprosódia emocional (déficit paralinguístico). Procedeu-se, inicialmente, a uma avaliação médica padrão que incluiu um exame de ressonância magnética de crânio e uma avaliação neurocognitiva geral. Esta foi realizada com os objetivos de determinar se o paciente possuía condições cognitivas mínimas (atenção, compreensão linguística, memória, etc) para a compreensão e a realização das testagens e tarefas específicas (paralinguísticas) a serem realizadas, assim como para permitir a inclusão - na discussão do caso - de possíveis interferências dos déficits cognitivos não-paralinguísticas, na execução das tarefas e testagens específicas. Para a avaliação do déficit paralinguístico perceptivo (prosódico e prosopotímico) de ELM, este foi submetido ao "Florida Affect Batery", testagem seguramente mais utilizada para este fim. Além disso, ELM foi submetido a várias tarefas em português, especificamente desenvolvidas para o estudo de seu caso, que também buscaram avaliar, qualitativamente, sua capacidade prosódica e prosopotímica expressivas. Os resultados mostraram indícios da existência de provável dissociação cognitiva entre a prosódia emocional e sintática. Além disso, demostraram maiores dificuldades em subtestes (perceptivos) do "Florida Affect Batery" que envolveram o uso da fala proposicional para a "nomeação" de padrões prosódicos ou prosopotímicos.)Dificuldades perceptivas análogas de prosódia emocional surgiram também na performance de ELM para as diferentes tarefas em português, especificamente criadas para a exploração de seu caso. Nestas tarefas, ELM apresentou não apenas dificuldades na percepção de prosódia emocional, mas também um empobrecimento evidente em sua capacidade de expressão prosódia e prosopotímica expressivas. Quanto às correlações neuroanátomo-funcionais houve a detecção - através do exame de ressonância magnética de crânio - de alterações em substância branca adjacente ao giro do cíngulo direito (região frontal direita), no corpo caloso (redução do volume das porções média e posterior do corpo do corpo caloso e também do esplênio), e em estruturas subcorticais (redução volumétrica da placa quadrigeminal - colículo superior e inferior - à direita, redução do volume do corpo e da cauda do núcleo caudado à direita e hipersinal da substância cinzenta periaquedutal nas sequências ponderadas em T2 e flair). As dificuldades com a "nomeação" da prosódia emocional (e por inferência da prosopotimia), observadas no "Florida Affect Batery", foram correlacionadas com a redução de volume observada em núcleo caudado. Além disso, estes déficits foram também relacionados à atrofia observada em corpo caloso, a qual poderia estar prejudicando a transferência de material não-verbal (do hemisfério direito) para o hemisfério esquerdo (verbal), dificultando a utilização do universo verbal no sentido decaracterizar o universo não-verbal. Além disso, as dificuldades expressivas prosódicas de ELM foram relacionadas a possíveis desconexões parciais do giro do cíngulo e/ou da "área de expressão prosódica" frontal, assim como à lesão observada em substância cinzenta periaquedutal. )Estes dados sugerem a possibilidade de que a representação neural das dimensões prosódicas e prósopotímicas, poderia residir em um circuito complexo, em nível cortical e subcortical, com estruturas comuns àquele descrito para o sistema límbico, sendo seus déficits, provavelmente, decorrentes de lesões ou desconexões relativas a tais áreas
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 15.09.2003

  • How to cite
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    • ABNT

      POSSENDORO, Geraldo José. Linguagem e paralinguagem: aspectos neurocognitivos - anexo relato de um caso de disprosódia emocional. 2003. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. . Acesso em: 19 abr. 2024.
    • APA

      Possendoro, G. J. (2003). Linguagem e paralinguagem: aspectos neurocognitivos - anexo relato de um caso de disprosódia emocional (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
    • NLM

      Possendoro GJ. Linguagem e paralinguagem: aspectos neurocognitivos - anexo relato de um caso de disprosódia emocional. 2003 ;[citado 2024 abr. 19 ]
    • Vancouver

      Possendoro GJ. Linguagem e paralinguagem: aspectos neurocognitivos - anexo relato de um caso de disprosódia emocional. 2003 ;[citado 2024 abr. 19 ]

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