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Estudo molecular da distrofia muscular fácio-escápulo-umeral (FSH) (2004)

  • Authors:
  • Autor USP: TONINI, MARIA MANUELA DE OLIVEIRA - IB
  • Unidade: IB
  • Sigla do Departamento: BIO
  • Subjects: DISTROFIA MUSCULAR; DOENÇAS HEREDITÁRIAS
  • Language: Português
  • Abstract: A distrofia muscular fácio-escápulo-umeral (FSH) possui herança autossômica dominante e incidência de 1:20000 nascimentos. Caracteriza-se por fraqueza progressiva dos músculos da face, cintura escapular e membros superiores, com grande variabilidade clínica inter e intrafamilial, variando desde portadores assintomáticos até pacientes com fenótipo grave. Assimetria dos músculos afetados e antecipação clínica também são freqüentemente observados. O loco para FSH foi mapeado em 4q35 e em pacientes, a sonda p13E-11 detecta um fragmento polimórfico de EcoRI menor que 35Kb. Os fragmentos variam de 35 a 300Kb em indivíduos normais e consistem de múltiplas cópias de uma unidade de KpnI de 3,3Kb repetida em tandem (D4Z4). Para tentar explicar o mecanismo responsável por FSH, primeiro sugeriu-se que deleções de unidades de D4Z4 poderiam causar um efeito de posição (PEV). Mais recentemente foi proposto um mecanismo de não repressão da transcrição de genes em 4q35, principalmente FRG1 e FRG2, de maneira inversamente proporcional ao tamanho do fragmento. Foi descrito também um polimorfismo distal a D4Z4, com os alelos 4qA e 4qB, igualmente presentes na população. Entretanto, o alelo de FSH está relacionado exclusivamente ao alelo 4qA. O diagnóstico molecular é realizado com a digestão do DNA genômico por EcoRI e EcoRI/BlnI, permitindo a diferenciação entre fragmentos do cromossomo 4 e 10. O DNA é separado por eletroforese linear ou por PFGE, transferido para umamembrana e hibridado com a sonda p13E-11. Para a análise de 4qA e 4qB, o DNA é digerido com HindIII e hibridado com as sondas 4qA e 4qB. Neste estudo foram analisados um total de 587 indivíduos de 141 famílias com suspeita de FSH. O teste molecular confirmou FSH em 100 famílias, num total 242 indivíduos, dos quais 58 (24%) são assintomáticos ou minimamente afetados. Concluímos que o diagnóstico molecular mostrou-se muito útil para confirmar a suspeita clínica, além de auxiliar no Aconselhamento Genético (AG). Um estudo sistemático dos portadores assintomáticos, incluindo algumas das famílias acima e outras anteriormente estudadas em nosso laboratório, analisou uma grande amostra de indivíduos com o fragmento de EcoRI < 35Kb, variando desde portadores assintomáticos até afetados com fenótipo grave. Observou-se que aproximadamente 20% (51/238) dos familiares com a confirmação molecular de FSH eram assintomáticos ou minimamente afetados, sem transmissão preferencial, mas com maior proporção de mulheres (n=37) do que homens (n=14). Os portadores assintomáticos foram encontrados em 30% das famílias, mas algumas genealogias parecem concentrar mais casos de não-penetrância. Existe uma correlação significativa entre o tamanho do fragmento de EcoRI e a gravidade do fenótipo quando a amostra total e as mulheres foram analisadas, mas não quando os homens foram analisados separadamente. Concluímos que a diferença entre os gêneros na manifestaçãoclínica, assim como a constatação de que portadores assintomáticos não são raros, deve ser levada em consideração no AG de pacientes e familiares em risco. Foram identificadas duas famílias cujos membros são afetados por duas formas diferentes de distrofia muscular. Em uma, o propósito foi encaminhado com suspeita de DMC. Como todas as proteínas conhecidas envolvidas nas DMCs estavam normais, o propósito permanece com diagnóstico inconclusivo. Sua irmã apresentava quadro clínico compatível com FSH, confirmado pela análise molecular que também revelou que outros seis indivíduos clinicamente normais são portadores do fragmento. Na outra família, o fragmento de EcoRI/BlnI de 17Kb está presente em vários afetados, mas não em um primo do propósito que é gravemente afetado. Estas famílias ilustram a importância de se testar todos os indivíduos afetados de uma genealogia. Em uma terceira família foi identificado o primeiro caso de homozigose para FSH. O probando é parte de uma família consangüínea, com vários portadores assintomáticos, e herdou dois fragmentos de EcoRI de 24Kb, do tipo 4qA de ambos os pais. Este estudo revelou que homozigose para FSH é compatível com a vida e que neste caso dois fragmentos de FSH não resultam em um fenótipo mais grave. Sob a hipótese da não repressão da transcrição, é difícil explicar porque o probando, homozigoto, não é mais gravemente afetado que seu irmão que possui apenas um alelo deletado, sugerindo ummecanismo mais complexo. Comparando-se mosaicismo entre linfócitos, fibroblastos em cultura e músculo de um indivíduo assintomático mosaico para FSH, observou-se que o mosaicismo em linfócitos é representativo do que ocorre em outros tecidos, como o músculo, que é o tecido mais afetado em FSH, uma vez que os valores encontrados nos três tecidos não diferem significantemente. Além disso, os resultados indicam que os rearranjos que resultam em mosaicismo ocorrem no início do desenvolvimento embrionário. Finalmente, estamos estudando as repetições D4Z4 (o tamanho dos fragmentos e os rearranjos) e a proporção de alelos 4qA/4qB em diferentes grupos étnicos da população brasileira. O objetivo final deste trabalho é tentar entender porque em nossa amostra de FSH não encontramos nenhum paciente de origem oriental e os pouco com alguma descendência africana são muito miscigenados. O estudo molecular da distrofia muscular fácio-escápulo-umeral (FSH) foi realizado em 141 famílias com suspeita clínica de FSH, confirmando-se o diagnóstico em 242 indivíduos de 100 famílias, dos quais 24% são assintomáticos. A análise molecular é útil na confirmação do diagnóstico e no AG. Um estudo sistemático de alguns dos portadores assintomáticos descritos acima, somados a outros portadores assintomáticos estudados anteriormente mostrou que por volta de 20% dos familiares com o fragmento menor que 35Kb são assintomáticos ou minimamente afetados, sem transmissãopreferencial, mas com maior proporção de mulheres do que homens. Os portadores assintomáticos são encontrados em 30% das famílias, mas parecem concentrar-se em algumas delas. Observou-se uma correlação significativa entre tamanho do fragmento de EcoRI e gravidade clínica na amostra total e no grupo das mulheres, mas não no grupo dos homens. Esta diferença entre os gêneros na manifestação clinica, assim como a existência de portadores assintomáticos, devem ser considerados no AG. Foram identificadas duas famílias cujos membros são afetados por duas formas diferentes de distrofia muscular, sendo uma delas FSH. Em ambas, a segunda forma de distrofia não pôde ser confirmada. Estas duas famílias ilustram a importância de se testar todos os afetados de uma genealogia. Em outra família, foi identificado o primeiro caso de homozigose para FSH. O propósito herdou dois fragmentos de EcoRI de 24Kb do tipo 4qA de ambos os pais. Há ainda um grande número de indivíduos portadores assintomáticos nesta família, além de três indivíduos afetados por FSH. Este estudo revelou que homozigose é compatível com a vida e, neste caso, não resulta em um fenótipo mais grave Comparando-se mosaicismo em linfócitos, fibroblastos e músculo de um assintomático mosaico para FSH, conclui-se que mosaicismo em linfócito é representativo dos outros tecidos. Os resultados indicam que os rearranjos que resultam em mosaicismo ocorrem no início do desenvolvimento embrionário. Está em andamento aanálise das repetições D4Z4 (caracterização dos rearranjos e tamanho dos alelos) e a proporção dos alelos 4qA/4qB em indivíduos de diferentes grupos étnicos da população brasileira. O objetivo final deste trabalho é tentar entender porque não encontramos pacientes de origem oriental em nossa amostra de FSH. Com estes resultados esperamos ter contribuído para o entendimento de FSH, uma doença que a cada dia se torna mais complexa
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 19.11.2004

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    • ABNT

      TONINI, Maria Manuela de Oliveira. Estudo molecular da distrofia muscular fácio-escápulo-umeral (FSH). 2004. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. . Acesso em: 16 abr. 2024.
    • APA

      Tonini, M. M. de O. (2004). Estudo molecular da distrofia muscular fácio-escápulo-umeral (FSH) (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
    • NLM

      Tonini MM de O. Estudo molecular da distrofia muscular fácio-escápulo-umeral (FSH). 2004 ;[citado 2024 abr. 16 ]
    • Vancouver

      Tonini MM de O. Estudo molecular da distrofia muscular fácio-escápulo-umeral (FSH). 2004 ;[citado 2024 abr. 16 ]


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