Exportar registro bibliográfico

Características morfo-fisiológicas e respostas funcionais de plantas forrageiras e animais submetidos a pastejo: desenvolvimento de uma linha de pesquisa (2002)

  • Autor:
  • Autor USP: SILVA, SILA CARNEIRO DA - ESALQ
  • Unidade: ESALQ
  • Sigla do Departamento: LZT
  • Subjects: FISIOLOGIA VEGETAL; MORFOLOGIA VEGETAL; PASTAGEM; PASTEJO; PLANTAS FORRAGEIRAS; FORRAGEM
  • Language: Português
  • Abstract: O azevém perene é indiscutivelmente a planta forrageira mais bem conhecida e estudada de que se tem registro, conseqüência de anos de estudos intensivos e minuciosamente planejados que resultaram em uma condição única de planejamento e idealização de estratégias de manejo do pastejo e de sistemas de produção que dificilmente será repetida. Assim, todos os esforços no sentido de encontrar similaridades e compreender diferenças entre plantas forrageiras relativamente a essa espécie permitirão uma evolução mais rápida da ciência de pastagens, na medida em que, dentro dos limites e restrições das semelhanças existentes, generalizações e inferências possam ser feitas com base em raciocínio educado e orientado pelas diferenças morfo-fisológicas e de ambiente existentes entre plantas de clima temperado e de clima sub-tropical e tropical. O objetivo principal desta linha de pesquisa é o estudo comparativo entre a ecofisiologia de plantas forrageiras, visando encontrar pontos de convergência das respostas funcionais de plantas e animais em regime de pastejo. A premissa básica assumida é de que os processos e conceitos relacionados com a produção de forragem e respostas de plantas e animais são universais, a única diferença sendo a importância relativa que determinados processos assumem em circunstâncias específicas caracterizadas por aspectos morfológicos e fisiológicos inerentes à espécie sendo estudada e á condição de meio ambiente a que esta encontra-sesubmetida. ) Para atingir esse objetivo foi planejado um experimento caracterizado por um conjunto de avaliações bastante detalhadas e de caráter complementar, onde vários processos relativos à produção de forragem e desempenho animal foram avaliados de forma simultânea. Três cultivares de Cynodon spp. (Tifton-85, Florakirk e Coastcross) foram submetidos a quatro condições de pasto caracterizadas por alturas do dossel de folhas (5, 10, 15 e 20 cm) mantidas relativamente constante através de lotação contínua e taxa de lotação variável, usando-se ovinos deslanados adultos e em crescimento. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos completos ao acaso, com quatro repetições, e os tratamentos foram alocados às unidade experimentais segundo um arranjo de parcelas subdivididas, com cultivares alocados às parcelas e as alturas de pasto às sub-parcelas. Foram avaliadas as seguintes variáveis: índice de área foliar (IAF), interceptação luminosa, coeficiente de extinção luminosa, composição botânica e morfológica da massa de forragem mantida nos pastos, teor e estoque de carboidratos totais não estruturais, padrões demográficos de perfilhamento, tamanho e densidade populacional de perfilhos, dinâmica do acúmulo de matéria seca, produção de forragem, valor nutritivo, capacidade de suporte e ganho de peso individual e por hectare de ovinos em crescimento. Os resultados revelaram que os padrões de interceptação luminosa foram diferentes para os cultivaresestudados, consequência das variações em IAF e arranjo espacial da massa de forragem ao longo do dossel forrageiro. ) Tifton-85 apresentou valores de IAF consistentemente superiores a Florakirk e Coastcross para qualquer das alturas de pasto estudadas, valores esses que variaram ao longo do ano em função da disponibilidade de luz. O maior valor de IAF para esse cultivar foi parcialmente compensado por maiores valores de coeficiente de extinção luminosa (folhas mais planas) dos cultivares Florakirk e Coastcross, de forma que 95% da luz incidente foi interceptada entre 15 e 20 cm de altura para pastos de Tifton-85 e acima de 20 cm para Florakirk e Coastcross. Essas variações resultaram em padrões diferenciados de acúmulo de matéria seca como determinados pelo balanço entre os processos de crescimento e senescência de tecidos, de forma que Tifton-85 mostrou-se uma planta mais plástica e flexível que Florakirk e Coastcross em termos de manejo da desfolha. Pastos mantidos mais altos resultaram em maiores taxas de acúmulo de forragem, sendo os maiores valores observados durante as épocas de final de primavera e início de verão. Tifton-85 apresentou uma estação de crescimento mais curta que Florakirk e Coastcross, concentrada principalmente entre os meses de outubro e fevereiro. A maior estacionalidade desse cultivar esteve associada à maior produção total de forragem durante o período experimental. ) A contribuição relativa de hastes para o crescimentodas plantas foi alta e variou entre 60 e 80%, com os maiores valores ocorrendo nos pastos mantidos mais altos. Os teores e estoques de carboidratos de reserva foram decrescentes ao longo das estações de inverno (10,3%), primavera (7,0%) e verão (5,0%), particularmente para o cultivar Coastcross, razão pela qual dos quatro pastos de 5 cm desse cultivar, apenas três sobreviveram o final do outono seguinte, degradação caracterizada pela perda da capacidade de compensar a redução no tamanho dos perfilhos através do aumento em número de perfilhos. Dentro da faixa de condições de pasto que possibilitaram a obtenção de um platô em produção de forragem (15 a 20 cm), foi observada a condição de pasto que possibilitou o maior desempenho e consumo de matéria seca pelos animais em pastejo (15 cm), revelando uma coincidência entre os requerimentos de plantas e animais para alta produção de forragem e elevado desempenho animal. Ao longo do ano houve uma variação pronunciada na densidade "bulk" do pasto, particularmente devida a variações nas proporções de material morto na massa de forragem. Pastos mais altos apresentaram massas de forragem e produção de matéria seca com maiores proporções de haste e material morto, o que influenciou os valores de digestibilidade e os teores de proteína bruta, fibra insolúvel em detergente neutro e fibra insolúvel em detergente ácido. ) Essa amplitude de condições de pasto (15 a 20 cm) em termos de flexibilidade de manejo para produção deforragem foi superior àquela correspondente para azevém perene (3 a 8 cm), porém revelou um padrão análogo de resposta de plantas e animais a variações em estrutura do pasto, representadas no presente experimento por variações em altura do dossel forrageiro. A relativa uniformidade de produção de forragem dentro da amplitude de condições de pasto citada se deveu a ajustes em tamanho e densidade populacional de perfilhos, de forma semelhante àquela descrita para pastos de azevém perene. Os resultados de demografia do perfilhamento revelaram um padrão contínuo de perfilhamento ao longo do ano, porém com uma elevada renovação da população de perfilhos (80-90%) durante os meses de maior acúmulo de forragem, ou seja, final de primavera e início do verão. Esse fato apontou para a importância de práticas de manejo que assegurem altas taxas de aparecimento deperfilhos nas épocas em que altas taxas de mortalidade ocorrem, particularmente porque a maior causa de morte de perfilhos em pastagens é a decapitação de meristemas apicais pelo pastejo. Os padrões de resposta descritos se comportaram de maneira consistente enquanto as plantas permaneceram em estádio vegetativo de desenvolvimento.
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 24.06.2002

  • How to cite
    A citação é gerada automaticamente e pode não estar totalmente de acordo com as normas

    • ABNT

      DA SILVA, Sila Carneiro. Características morfo-fisiológicas e respostas funcionais de plantas forrageiras e animais submetidos a pastejo: desenvolvimento de uma linha de pesquisa. 2002. Tese (Livre Docência) – Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002. . Acesso em: 25 abr. 2024.
    • APA

      Da Silva, S. C. (2002). Características morfo-fisiológicas e respostas funcionais de plantas forrageiras e animais submetidos a pastejo: desenvolvimento de uma linha de pesquisa (Tese (Livre Docência). Universidade de São Paulo, Piracicaba.
    • NLM

      Da Silva SC. Características morfo-fisiológicas e respostas funcionais de plantas forrageiras e animais submetidos a pastejo: desenvolvimento de uma linha de pesquisa. 2002 ;[citado 2024 abr. 25 ]
    • Vancouver

      Da Silva SC. Características morfo-fisiológicas e respostas funcionais de plantas forrageiras e animais submetidos a pastejo: desenvolvimento de uma linha de pesquisa. 2002 ;[citado 2024 abr. 25 ]


Digital Library of Intellectual Production of Universidade de São Paulo     2012 - 2024