Exportar registro bibliográfico

Potencial de longa latência P300 em indivíduos normais com registro em CZ (2005)

  • Authors:
  • USP affiliated authors: COSTA FILHO, OROZIMBO ALVES - FOB ; ALVARENGA, KATIA DE FREITAS - FOB
  • Unidade: FOB
  • Subjects: AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA; FONOAUDIOLOGIA
  • Language: Português
  • Abstract: INTRODUÇÃO:A pesquisa dos potenciais evocados auditivos permite avaliar o sistema auditivo como um todo, desde sua porção periférica, como na eletrococleografia, até a sua porção mais central, como nos potenciais evocados auditivos de longa latência. Sua importância consiste em avaliar a integridade das vias auditivas centrais, sua maturação durante o processo de desenvolvimento e disfunções causadas por diversas doenças. Além disso, esta metodologia permite seguir o curso da atividade cerebral no tempo com a precisão de milissegundos e, portanto obter informações não somente do produto final do processamento, mas também da seqüência, tempo e estágios de processos específicos (LEPPÂNEN; LYYTINEN, 1997). O P300 é um potencial evocado auditivo de longa latência, também chamado de potencial cognitivo (endógeno), pois reflete o uso funcional que o indivíduo faz do estímulo, não dependendo diretamente de suas características físicas. Pode ser eliciado pela discriminação de um estímulo raro apresentado de forma aleatória de outro freqüente. Como conseqüência, observa-se a formação de uma onda positiva ocorrendo aproximadamente em 300ms (pós-estímulo), com amplitude variando entre 10 e 20 microvolts (SUTTON 1965; POLICH 1986). O registro desses potenciais na prática clínica é realizado por meio de eletrodos que são posicionados na superfície do crânio, de acordo com o padrão internacional 10-20. No entanto, não existe um consenso para o posicionamento dos eletrodos,alguns autores utilizam o eletrodo ativo posicionado em Fz e os eletrodos de Massa posicionados em M1 e M2; outros utilizam 2 eletrodos ativos posicionados em Fz e Cz e eletrodos de massa posicionados em M1 e M2. FRANCO (2001) evidenciou grande variabilidade nas latências do complexo N2-P3, em Fz e Cz, mostrado pelos altos valores de desvio padrão. O mesmo foi observado quanto à amplitude de P3, sobretudo em Fz. Apesar do potencial cognitivo P300 não ser ) largamente utilizado na prática clínica no Brasil, ele vem demonstrando ser uma ferramenta útil no auxílio do diagnóstico das demências precoces assim como nos déficits de atenção. Sendo sensível aos déficits no processamento das respostas, falha na organização e na resposta do Sistema Nervoso Central frente aos estímulos auditivos, alteração no fenômeno da habituação cortical, demonstrando quanto tempo aquele indivíduo leva para processar, interpretar e agir frente a um estímulo sonoro (CÉSAR, 1998). OBJETIVO: Avaliar a latência e amplitude dos potencias de longa latência P300 em um grupo de indivíduos normais; a correlação dos achados com o gênero e a idade; e, comparar as medidas com o eletrodo posicionado em Fz e Cz. MATERIAL E METODO: O estudo foi realizado na Clínica de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru/ USP. Sendo aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa em Seres Humanos da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, processo nº69/2003. A casuística foicomposta por 33 indivíduos, sendo 14 do sexo masculino e 19 do sexo feminino, cuja faixa etária variou entre 7 e 34 anos de idade. Todos os participantes e responsáveis (para os indivíduos menores de idade), estavam cientes do procedimento em questão, recebendo a Carta de Informação ao Paciente e assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi aplicada uma anamnese para descartar fatores de risco para a deficiência auditiva ou alterações mentais que pudessem interferir nos resultados, e posteriormente realizada avaliação audiológica convencional que consistiu de Audiometria Tonal Liminar, Logoaudiometria e Medidas da Imitância Acústica. O exame do Potencial de Longa Latência P300 foi realizado em sala silenciosa com uso de fones de inserção 3A, com o indivíduo deitado em uma maca confortavelmente. O mesmo foi instruído a permanecer em estado de alerta, atento ao estímulo raro apresentado ) de forma aleatória ao estímulo freqüente (oddball paradigm), contando-os em voz alta. Foram utilizados eletrodos descartáveis para ECG AG/AGCL com gel e fio com garras tipo pinça. Para iniciar a avaliação eletrofisiológica, foi necessário que os eletrodos apresentassem impedância individual menor que 5Kohm e impedância entre eles menor que 2Kohm. Os eletrodos ativos foram posicionados em Cz e Fz e conectados na entrada 1 dos canais 1 e 2, respectivamente, do pré-amplificador. O eletrodo de referência foi posicionado na mastóide direita, na entrada 2 docanal 1 interligado ao canal 2 pelo jumper, do pré-amplificador e o eletrodo terra foi colocado na posição Fpz. Foi utilizado estímulo tone burst raro na freqüência de 2000Hz, com apresentação não freqüente (oddball paradigm), de forma imprevisível e aleatória, na probabilidade de 20% da apresentação de outro estímulo tone burst freqüente na freqüência 1000Hz, que foi apresentado na probabilidade de 80%, com intensidade moderada de 70dB e velocidade de 1 estímulo por segundo, com a utilização de filtro passa-banda de 1 a 125Hz. O registro inicial foi filtrado por um filtro digital passa-baixo com freqüência de corte de 25Hz. Quanto aos parâmetros de avaliação foram tidos como objeto de estudo a latência absoluta dos componentes N2 e P300 e amplitude (amp) do P300 pesquisado com o uso de fone de inserção, registrados em Fz e Cz. Foi considerada presença da onda P300 quando a mesma foi registrada simultaneamente em Fz e Cz. O equipamento utilizado no procedimento descrito, foi o Biologic's Evoked Potential System (EP). Os resultados foram submetidos à análise estatística descritiva e foram aplicados os testes "t" student para comparar o gênero, e coeficiente de correlação de Pearson, para correlação entre idade e registro em Fz e Cz. Foi considerado valor de significância p< 0,05. RESULTADOS: Resultados - Os valores de média e desvio padrão ) encontrados na pesquisa do potencial cognitivo P300 para a latência dos componentes N2 e P300 e a amplitude do P300 foi de228 +/- 31 ms e 230+/-31 ms; 341+/-23 ms e 339+/-20 ms; e, 2,12+/-1,07 ms e 1,81+/-1,06 ms. registrados em Cz e Fz respectivamente. Não houve diferença estatisticamente significante entre sexo, ao comparar a latência de N2 e P300 e a amplitude do P300, registrados em Fz e Cz. Foi utilizado o coeficiente de correlações de Pearson, para analisar a associação linear entre as variáveis idade e posicionamento dos eletrodos (Fz e Cz). Foi observado que para o posicionamento dos eletrodos houve uma forte correlação para a latência do P300 (r = 0.940) e uma correlação média para a latência do N2 (r = 0. 676) e amplitude do P300 (r = 0.687), considerando o posicionamento dos eletrodos em Fz e Cz. Para a idade dos indivíduos, não foi observado correlação entre esta e a latência dos componentes N2 e P300 e a amplitude do P300, cujos coeficientes de correlação (r) para essas variáveis foram 0,02; 0,29; -0,19; 0,03; 0,19 e -0,08, registrados em Fz e Cz respectivamente. DISCUSSÃO: O estudo foi realizado com voluntários com idade igual ou superior a 7 anos, seguindo-se as justificativas de KÜGLER et al. (1993) e BUCHWALD (1990) de que ocorre o processo de maturação neurológica e um aumento de conectividade intra e inter cortical. Quando as variáveis foram estudadas em relação ao sexo dos indivíduos, , não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes. Resultado semelhante pode ser observado em trabalhos como OHLRICH et al. (1978) e POLICH (1986). Por outro lado, POLICH(1991), COLAFÊMINA et al. (1999) relataram que o fator sexo pode contribuir para a variação de latência e amplitude do P300. A pesar de alguns autores relatarem observar diferentes valores para medidas em Fz e Cz (FRANCO, 2001), pode-se observar que existe uma correlação forte para a latência do P300 medida ) nesses dois canais de registro, mostrando que o posicionamento dos eletrodos em Fz e Cz, respectivamente, é um parâmetro que pode ser utilizado para confirmar o aparecimento da resposta. Analisando os valores de média e desvio padrão, pode-se observar latências maiores e amplitudes menores do que aqueles relatados na literatura (COLAFÊMINA, 1999). No entanto, o estudo deste autor, diferentemente do nosso, foi realizado com fones de ouvido do tipo TDH 39 e não com fones de inserção. Considerando a idade dos indivíduos avaliados e a pesquisa do potencial de longa latência P300, para os componentes CzN2, FzN2, CzP300 e FzP300, CzP300amp, FzP300 amp, o teste de Correlação de Pearson; não mostrou correlação entre a idade e os valores de latência e amplitude, visto que o coeficiente r foi diferente de 1. Apesar de alguns autores como GOODIN et al. (1978), BARAJAS (1990); VERLEGER et al. (1991); WARREN et al. (1983); MARSH; THOMPSON (1972), COURCHESNE (1978); OHLRICH et al. (1978), BECK; SWANSON; DUSTMAN (1980) e BROWN; MARSH; LaRUE (1983) relatarem que o P300 sofre alteração com a idade de forma linear. No entanto, para MARTIN et al. (1988); POLICH, HOWARD eSTARR, (1985) o P300 começa a aumentar somente na segunda ou terceira década de vida. Este fato pode justificar os achados neste estudo, pois essa população apresentou idade variando entre 7 e 34 anos. CONCLUSÃO: Conclui-se que não houve correlação entre a latência dos componentes N2 e P300, amplitude do P300, com a idade dos indivíduos; Não houve diferença estatísticamente significante entre os sexos; e, o posicionamento dos eletrodos ativos em Fz e Cz, respectivamente, pode ser considerado um recurso a mais para auxiliar a análise clínica da latência do P300
  • Imprenta:
  • Source:
    • Título do periódico: Anais
  • Conference titles: Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia

  • How to cite
    A citação é gerada automaticamente e pode não estar totalmente de acordo com as normas

    • ABNT

      DUARTE, Josilene Luciene et al. Potencial de longa latência P300 em indivíduos normais com registro em CZ. 2005, Anais.. Santos: Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 2005. . Acesso em: 24 abr. 2024.
    • APA

      Duarte, J. L., Alvarenga, K. de F., Banhara, M. R., Melo, A. D. P. de, & Costa , O. A. (2005). Potencial de longa latência P300 em indivíduos normais com registro em CZ. In Anais. Santos: Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo.
    • NLM

      Duarte JL, Alvarenga K de F, Banhara MR, Melo ADP de, Costa OA. Potencial de longa latência P300 em indivíduos normais com registro em CZ. Anais. 2005 ;[citado 2024 abr. 24 ]
    • Vancouver

      Duarte JL, Alvarenga K de F, Banhara MR, Melo ADP de, Costa OA. Potencial de longa latência P300 em indivíduos normais com registro em CZ. Anais. 2005 ;[citado 2024 abr. 24 ]


Digital Library of Intellectual Production of Universidade de São Paulo     2012 - 2024