O mel, a abelha e o cavalo que voava: escritas da aids (2008)
- Authors:
- Autor USP: ALMEIDA, ANTONIO CARLOS OLIVEIRA DE - IP
- Unidade: IP
- Sigla do Departamento: PST
- Subjects: SÍNDROME DE IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA; MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA; HABILIDADES PARA ESCRITA; COMUNICAÇÃO; HISTÓRIA
- Language: Português
- Abstract: A relação entre aids e imprensa remonta à identificação dos primeiros casos: foi através da imprensa que a estupefação científica e aqueles tomados como vítimas e causadores diretos os homossexuais se fizeram presentes frente à sociedade. Partindo do paralelo feito por Sêneca entre a atividade da abelha e a elaboração de um texto, pretende-se discutir a articulação entre aids e imprensa segundo uma perspectiva historiográfica. Considerando-se a diferença entre o escritor e o historiador como sendo a permissão àquele de dizer que o cavalo voa, o verdadeiro aparenta dar o tom daquilo que pode ser tomado como história. Não seria difícil, contudo, fazer essa diferença deslizar para o campo da verossimilhança e da credulidade: o fato relatado guardaria em si algo que o tornaria aceitável para a história. Além do rigor no relato e na comprovação, seria necessário que o fato estivesse na história. Portanto, fora do campo da especulação ou da ficção. De modo a enfatizar esta última no procedimento historiográfico, parte-se da imagem cavalo que voa como limite: nela conjugam-se duas idéias plausíveis, aceitáveis"existem cavalos" e "pode-se voar", ao mesmo tempo em que se traz o questionamento da possibilidade dessa conjugação. Afinal, "cavalos não voam". Pensar aquela imagem, sobre ela falar, ouvir e ler constrói a realidade "cavalo que voa": as coisas passam a ser o que delas se fala. A ficção seria, então, a trama das relações entre isso que se fala e aquele que fala, daordem da narrativa, portanto, algo que se constrói na medida em que a ela é dada uma aparência de realidade. A ficção não dispensa a realidade e aquilo que se pode tomar como verdadeiro. E mesmo a pressupõe na qualidade de algo com ó qual deve parecer. Na ficção há algo que a faz funcionar como que do lugar da realidade. Assim se dão várias referências à imagem 'cavalo' e relatos que guardam algo de estranheza, cuja impressão levará à (conitua) (continuação)conceituação. Aquela estranheza e essa conceituação apontam a passagem ao verossímil, que desvanece em ordinário o que até então se tomava como acidental, imponderável. Imponderabilidade que perdura até o instante em que passam a ser possíveis ao pensamento novos referenciais. Contrariamente à ciência, que explica, presa ao campo do necessário, e próxima à filosofia, que explicita, a história soma àquele campo o do ordinário e o do acidental e daí permite um conceito: "o cavalo voa". Essa formulação de conceito seria, então, o estabelecimento de um dado conjunto de regras com o qual se apreenderia a realidade, uma ficção em que se acredita: ela invade o mundo. Não que o mundo se torne ficcional, e sim que ela, ficção, torna-se mundana. A história desse mundo é a história de suas ficções, e ser um ficcionista é fazer história. Nesse trabalho, teríamos, sob uma visada historiográfica (o vôo do cavalo), o papel da imprensa (a abelha) em meramente coletar, registrar, organizar e difundirinformações sobre a aids (o mel), ou produzi-Ia em uma atividade sistemática. Esse trabalho segue de modo diverso do comumente adotado para investigações sobre o tema aids e imprensa: não fazer uma história da aids a partir da imprensa (a "boa fonte"), espelho ou construtora social da aids, mas, tomando a relação intrínseca entre aids e imprensa desde o surgimento da primeira, chegar à necessidade da abordagem histórica, em especial de uma história do presente. São empregadas três transversais, conforme noção definida: imprensa-história, história-aids, aidsimprensa. São utilizadas principalmente notícias de revistas e jornais, mas também livros, filmes e campanhas governamentais. Ao fim, a articulação do que foi analisado configurando a AIDS como uma doença de números, uma doença de conhecimento e uma doença de ações
- Imprenta:
- Data da defesa: 16.05.2008
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ABNT
ALMEIDA, Antonio Carlos Oliveira de. O mel, a abelha e o cavalo que voava: escritas da aids. 2008. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. . Acesso em: 29 mar. 2024. -
APA
Almeida, A. C. O. de. (2008). O mel, a abelha e o cavalo que voava: escritas da aids (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo. -
NLM
Almeida ACO de. O mel, a abelha e o cavalo que voava: escritas da aids. 2008 ;[citado 2024 mar. 29 ] -
Vancouver
Almeida ACO de. O mel, a abelha e o cavalo que voava: escritas da aids. 2008 ;[citado 2024 mar. 29 ]
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