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Lídia Jorge e Sandro Botticelli: as flores e os frutos (2012)

  • Autor:
  • Autor USP: RIBEIRO, RAQUEL DE SOUSA - FFLCH
  • Unidade: FFLCH
  • Subjects: LITERATURA PORTUGUESA; PINTURA
  • Language: Português
  • Abstract: Em Cais das merendas, Lídia Jorge remete o leitor ao esforço que Portugal faz para se inserir no Mercado Comum Europeu, de entrar para o grupo dos países europeus mais avançados, numa tentativa de reconstruir sua identidade destruída pelas guerras coloniais e pela defasagem proporcionada pela ditadura salazarista. A escritora recria essa situação e suas implicações por meio das transformações que a construção de um grande hotel, o Alguergue, na praia das Devícias, imprime na vida dos habitantes da Redonda, camponeses que vivem na penúria, numa região depauperada. Nesse contexto, a personagem Augusto Folhas, artista plástico, propõe-se fazer o retrato da adolescente Rosária. Para tanto, procura incutir nela o espírito de Flora, da deusa da primavera, das flores e dos frutos, como imagem representativa da mudança operada na vida dos habitantes da região por esse ícone da vida contemporânea. O tratamento literário dado pela autora a esse tema estabelece um diálogo não só com o mito mas também com outras representações pictóricas, em especial a tela de Sandro Botticelli. A Primavera, obra deste artista plástico, reconstrói, entre outras coisas, o mito em conformidade com as condições da sociedade florentina, sob o governo dos Médici, num momento de perda desse domínio, segundo Pierre Francastel em sua obra A realidade figurativa. Remete ainda, de acordo com o mesmo crítico, às festas do maio florentino e a uma concepção de amor que se afasta das cortes de amor medievais. O tratamento plástico dado ao tema recria não a situação de crise que já se instaurara, mas o apogeu ou, pelo menos, um momento não tão dramático. Entre outras significações, as duas representações do mito de Flora, das flores e da promessa de frutos, remetem não só a situações de crise, no caso vividas pelo homem florentino e renascentista, epelo homem português e contemporâneo, como também a um sentimento de renovação, de esperança, de abundância. Ocorre, porém, que o florescer e o frutificar dura o tempo de uma estação, outra estação trará ausência dessas benesses. Em decorrência, o cronotopo, enquanto espaço e tempo das flores e propiciador de frutos, também pode implicar em crise. Os artistas em questão exploram também essas possibilidades. Valendo-se também da teoria do dialogismo, de Bakhtin, esta comunicação propõe-se examinar essas questões nessas duas obras.
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  • Conference titles: Congresso Nacional Mackenzie - Letras em Rede: Linguagem e Saberes

  • How to cite
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    • ABNT

      RIBEIRO, Raquel de Sousa. Lídia Jorge e Sandro Botticelli: as flores e os frutos. 2012, Anais.. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2012. . Acesso em: 20 abr. 2024.
    • APA

      Ribeiro, R. de S. (2012). Lídia Jorge e Sandro Botticelli: as flores e os frutos. In Resumos das Comunicações. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie.
    • NLM

      Ribeiro R de S. Lídia Jorge e Sandro Botticelli: as flores e os frutos. Resumos das Comunicações. 2012 ;[citado 2024 abr. 20 ]
    • Vancouver

      Ribeiro R de S. Lídia Jorge e Sandro Botticelli: as flores e os frutos. Resumos das Comunicações. 2012 ;[citado 2024 abr. 20 ]


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