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Na pista das razões do déficit cognitivo (2015)

  • Autor:
  • Autor USP: SCAVONE, CRISTOFORO - ICB
  • Unidade: ICB
  • Subjects: COGNIÇÔES; PROCESSOS COGNITIVOS; NEFROPATIAS
  • Language: Português
  • Abstract: Trabalhos científicos mostram que doenças decorrentes da utilização incorreta de medicamentos representam 4% das internações graves em hospitais. Desse total de internações, a não adesão ao tratamento é responsável por 58% dos casos, enquanto efeitos adversos representam 32% e os restantes 10% estão por conta da prescrição inadequada. Em alguns países da Europa e nos Estados Unidos, as atividades dos profissionais da área da saúde ocorrem através de uma integração e colaboração entre a equipe de saúde no cuidado direto com o paciente. Resultados publicados no Journal of American Medical Association sugerem que a interação dos profissionais nas unidades de terapia intensiva de hospitais americanos tem diminuído em até 66% a incidência de efeitos adversos causados por medicamentos e reduzido em até 20% o tempo de internação desses pacientes, devido à racionalidade nas prescrições, dispensações e administrações. A inovação e o desenvolvimento tecnológico têm permitido a introdução de novos compostos para a prevenção e o tratamento de doenças antes incuráveis. Apesar do alto custo de novos agentes terapêuticos introduzidos recentemente, o seu uso racional poderia diminuir significativamente os custos com a saúde ao evitar e reduzir internações, diminuir o tempo de estadia hospitalar e evitar a necessidade de procedimentos médicos invasivos. Somente a integração no processo de medicação, envolvendo prescrição, dispensação e administração, seguida do acompanhamento do paciente, permitirá maior eficácia e segurança no tratamento e, consequentemente, melhores resultados clínicos.Em experimentos realizados em ratos com doença renal crônica e déficit cognitivo, cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, liderados pelo professor Cristóforo Scavone, do Laboratório de Neurofarmacologia Molecular, constataram altos níveis da proteína TNF-α (fator de necrose tumoral alfa, uma citocina mediadora da resposta inflamatória) e baixos níveis de Klotho (proteína ligada à longevidade). “É de conhecimento da comunidade científica que a longevidade está ligada a níveis mais altos de Klotho no organismo”, aponta Scavone. Um artigo sobre a pesquisa foi publicado recentemente na revista científica PLOS One.De acordo com o docente, a prevalência de demência em pessoas com doença renal crônica chega a 30%, segundo mostram alguns estudos da literatura científica. O trabalho foi realizado no âmbito do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Neurociência Aplicada (Napna) e teve como base a tese de doutorado da pesquisadora Sabrina Degaspari, realizada sob a orientação do professor Scavone. A pesquisa contou com a participação dos pesquisadores Carmen Branco Tzanno-Martins e João Paulo Branco-Martins, do Centro Integrado de Nefrologia de São Paulo, além dos professores Roberto Zatz e Clarice Kazue Fujihara, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Tania Araujo Viel, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, Hudson de Souza Buck, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, e dos seguintes pesquisadores do Laboratório de Neurofarmacologia Molecular: Ana Maria Marques Orellana, Ana Elisa Böhmer, Larissa de Sá Lima, Diana Zukas Andreotti, Carolina Demarchi Munhoz e Elisa Mitiko Kawamoto.Experimentos – Os estudos foram realizados com cerca de 40 ratos, divididos em grupo controle e grupo com doença renal crônica induzida por meio da remoção de um dos rins e redução da atividade do outro rim (grupo Nx). Após a cirurgia, os dois grupos foram acompanhados por 30, 60, 90 e 120 dias, ao longo dos quais participaram de dois experimentos com o intuito de mensurar a cognição dos animais. Na esquiva inibitória, os animais são colocados em um aparelho com dois ambientes: um claro e outro escuro. Ao preferirem passar para o lado escuro, recebem um leve estímulo elétrico nas patas. Após 24 horas, o procedimento é repetido. Se o animal se lembrar da tarefa, ficará mais tempo no lado claro. Em todas as sessões os pesquisadores medem a latência (tempo que o animal levou para mudar de um ambiente para outro). Caso esteja com déficit cognitivo, o animal irá repetidamente passar para o lado escuro. No experimento de reconhecimento do objeto novo, os animais são apresentados a dois objetos e, quando já estão familiarizados com ambos, um dos objetos é retirado e um novo é inserido no ambiente. “Se o animal já estiver com déficit cognitivo, ele irá nos dois objetos, pois não consegue reconhecer o novo”, explica Scavone. Os pesquisadores observaram que, nos 30 dias iniciais, os animais nefrectomizados (Nx) já apresentavam déficit cognitivo em ambos os experimentos. “A presença de déficit cognitivo nesse momento pode ser explicada por alterações vasculares nesses animais”, diz o pesquisador. Segundo Scavone, esses ratos estão expostos a uma reação inflamatória que, junto com outros fatores, pode fazer diferença para essa condiçãoO grupo também constatou, nos animais com déficit cognitivo, que no líquor (líquido encefalorraquidiano) havia uma alta concentração de TNF-α. A TNF-α ativa uma proteína chamada NFKB (fator de transcrição de genes pró e anti-inflamatórios), sendo que todos os animais que apresentaram déficit cognitivo tiveram ativação da NFKB. Já na análise do tecido, todos os animais apresentaram aumento da TNF-α. Com 120 dias de experimento, os pesquisadores verificaram que os animais do grupo Nx apresentavam inflamação crônica, sendo considerados mais suscetíveis a levar uma potencialização do aumento da citocina (TNF-α) até o córtex pré-frontal, área cerebral ligada à memória. A partir daí o grupo decidiu fazer uma correlação entre a latência encontrada na esquiva inibitória e a concentração de TNF-α. “Os animais com latência menor, ou seja, que lembravam menos diante do estímulo elétrico, apresentavam uma maior concentração de TNF-α e, consequentemente, uma inflamação aumentada”, destaca o professor. Klotho – Diante desses resultados, os pesquisadores liderados pelo professor Scavone decidiram ir mais além. Eles resolveram associar esses resultados com a Klotho, proteína envolvida com a longevidade e que regula o fosfato e a vitamina D no organismo. A ausência de Klotho leva a uma menor absorção de fosfato, ocasionando acúmulo de cálcio e fósforo no organismo. Os pesquisadores perceberam que os animais com TNF-α aumentada apresentavam menos Klotho. “Com isso, conseguimos fazer uma associação da Klotho com a doença renal crônica”, destaca. Scavone lembra que esses resultados vão ao encontro do fato de que pacientes submetidos a diálise apresentam altos níveis de TNF-α e baixa concentração de Klotho. “Porém, ainda são necessários outros estudos para entender os motivos que estão envolvidos neste processo”, finaliza
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    • Título do periódico: Jornal da USP
    • Volume/Número/Paginação/Ano: 29 jun. a 05 jul. 2015, p. 8

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    • ABNT

      SCAVONE, Cristoforo. Na pista das razões do déficit cognitivo. Tradução . Jornal da USP, São Paulo, 2015. , n. 29 ju a 05 jul. 2015, p. 8. Acesso em: 20 abr. 2024.
    • APA

      Scavone, C. (2015). Na pista das razões do déficit cognitivo. Jornal da USP, p. 8. São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo.
    • NLM

      Scavone C. Na pista das razões do déficit cognitivo. Jornal da USP. 2015 ;(29 ju a 05 jul. 2015): 8.[citado 2024 abr. 20 ]
    • Vancouver

      Scavone C. Na pista das razões do déficit cognitivo. Jornal da USP. 2015 ;(29 ju a 05 jul. 2015): 8.[citado 2024 abr. 20 ]


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