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O impacto biopsicossocial da dor crônica em pacientes com depressão (2017)

  • Authors:
  • Autor USP: MACEDO, BRISA BURGOS DIAS DE - FFCLRP
  • Unidade: FFCLRP
  • Sigla do Departamento: 594
  • Subjects: DEPRESSÃO; DOR CRÔNICA; PSICOMETRIA; ESTRESSE; CORTISOL
  • Language: Português
  • Abstract: Introdução: A depressão é considerada a maior causa de adoecimento e incapacidade de pessoas em idade fértil entre todas as doenças médicas. Estudos realizados estimam que cerca de 350 milhões de pessoas sofram com pelo menos um episódio depressivo ao longo da vida e que números significativos destes pacientes apresentem quadros de dores crónicas associadas. De forma isolada, tanto a depressão quanto a dor crônica, sofrem influência de aspectos biológicos e psicossociais. Entretanto, permanece incerta a intensidade da influência destes fatores biopsicossociais nesta comorbidade. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto biopsicossocial da dor crônica em pacientes deprimidos. Método: O estudo foi realizado por uma amostra total de 59 sujeitos composta por um grupo de participantes em episódio depressivo e com dor crônica (n=22), um grupo de participantes em episódio depressivo sem dor crônica (n=22) e um grupo de controles saudáveis (n=15). Os participantes tiveram seus diagnósticos confirmados ou excluídos por meio da Mini Entrevista Neuropsiquiátrica Internacional (MINI-Plus). Para avaliação da gravidade dos sintomas depressivos utilizou-se a Escala de Depressão GRID de Hamilton (GRID-HAM-D21). Nos grupos de pacientes, apenas aqueles que atingiram pontuação na HAM-D21>16 foram incluídos no estudo. Para avaliação detalhada a respeito do impacto dos sintomas psiquiátricos na dor e na depressão, utilizou-se o Inventário de Depressão de Beck (BDI-II), o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), a Escala de Desesperança de Beck (BHS), a Escala de Ideação Suicida de Beck (BSI) e o Questionário Sobre Traumas na Infancia (CTQ). A avaliação multidimensional da dor foi realizada por meio do BPI (Inventário Breve de Dor), sendo este instrumento aplicado integralmente no grupo de deprimidos com dor e apenas para excluir a presença do quadro doloroso nos demais grupos.Para avaliação do perfil neuroendócrino, foram coletadas amostras de cortisol salivar de deprimidos com dor (n=13), deprimidos sem dor (n=13) e controles saudáveis (n=13). Foram feitas avaliações da Área Sob a Curva (AUC) e dos níveis basais de cortisol em cada ponto (minuto 0, 30 e 60). Além disso, foram avaliadas a Resposta do Cortisol ao Acordar (CAR) e seus incrementos relativos (CARi%) e absolutos (AINC). Os níveis de cortisol salivar ao despertar foram avaliados a partir da presença dos subtipos de EP em deprimidos com dor e sem dor. Para análise dos resultados utilizamos o Software Statistical Package for lhe Social Science 23.0. (SPSS 23.0). Resultados: Os pacientes deprimidos com dor crônica apresentaram sintomas depressivos mais graves quando comparados ao grupo de deprimidos sem dor (p = 0,005) do estudo. Não foram encontradas diferenças entre os grupos de pacientes deprimidos do estudo na avaliação da ansiedade (p = 0,24), da desesperança (p = 0,57) e da ideação suicida (p = 0,82). De acordo com a avaliação da CTQ, foi encontrada presença significativamente maior de estresse precoce entre os deprimidos com dor em comparação aos participantes deprimidos sem dor (p = 0,05). Quanto a avaliação dos subtipos de estresse precoce, a presença dos cinco subtipos foi expressiva tanto no grupo de deprimidos com dor quanto de deprimidos sem dor. No entanto, o grupo de deprimidos com dor crônica apresentou maior número de participantes com história de negligência emocional do que o grupo de deprimidos sem dor (p = 0,03). Na avaliação da intensidade e da interferência da dor crônica na depressão, foram encontradas correlações positivas de moderada intensidade entre a interferência da dor e os sintomas depressivos (p = 0,009; r = 0,42) e ansiosos (p = 0,04; r = 0,42). Os resultados da avaliação do perfil endócrino mostraram que não houve diferença significativa entre os gruposdo estudo na avaliação da AUC (p = 0,33), bem como dos níveis basais de cortisol nos pontos 0 min (p = 0,07), 30 min (p = 0,18) e 60 min (p = 0,32) após acordar. Também não houve diferença entre deprimidos com dor, deprimidos sem dor e controles quanto a CAR (p = 0,25). Na avaliação dos incrementos em relação ao cortisol basal, entretanto, foram encontradas diferenças entre grupos deprimidos sem dor e controles tanto nos valores da CARi% (p = 0,03) como nos da AINC (p = 0,01). Não foram encontradas diferenças entre os dois grupos de deprimidos e nem entre os deprimidos com dor e os controles com relação a CARi% (p = 0,15; p = 0,69) e a AINC (p = 0,09; p = 0,63). Na avaliação da relação dos subtipos de EP e os níveis de cortisol ao despertar (minuto O) em deprimidos com dor, os pacientes com negligência emocional apresentaram níveis mais altos de cortisol salivar do que os que não sofreram negligência emocional (p = 0,005). Porém, não foram encontradas relações significativas entre a negligência emocional e os níveis de cortisol salivar ao despertar em deprimidos sem dor (p = 0,31). Conclusão: Nossos achados indicam que o quadro doloroso influencia no agravamento da depressão. Sugerem também que a história de estresse precoce, principalmente o subtipo negligência emocional, é um fator de predisposição importante para o desenvolvimento da comorbidade entre dor e depressão. Os nossos achados sugerem que a presença do subtipo de estresse precoce negligência emocional, desempenha papel importante nas alterações no eixo HPA, aumentando os níveis de cortisol salivar entre deprimidos com dor crónica ao despertar. Por fim, nossos achados apontam que o aumento da interferência da dor na vida de pacientes deprimidos está diretamente relacionado ao agravamento dos sintomas depressivos e ansiosos nestes pacientes, além da presença de história de negligência emocional
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 18.08.2017

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    • ABNT

      MACEDO, Brisa Burgos Dias. O impacto biopsicossocial da dor crônica em pacientes com depressão. 2017. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2017. . Acesso em: 02 jun. 2024.
    • APA

      Macedo, B. B. D. (2017). O impacto biopsicossocial da dor crônica em pacientes com depressão (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
    • NLM

      Macedo BBD. O impacto biopsicossocial da dor crônica em pacientes com depressão. 2017 ;[citado 2024 jun. 02 ]
    • Vancouver

      Macedo BBD. O impacto biopsicossocial da dor crônica em pacientes com depressão. 2017 ;[citado 2024 jun. 02 ]


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