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O indivíduo entre escombros: integração e resistência na dialética de Theodor W. Adorno (2020)

  • Authors:
  • Autor USP: RODRIGUES, PEDRO OCTAVIO GONZAGA - IP
  • Unidade: IP
  • Sigla do Departamento: PSA
  • Subjects: TEORIA CRÍTICA; SOCIEDADE; DIALÉTICA; RACIONALIDADE; EXPERIÊNCIA (FILOSOFIA); MIMESE
  • Keywords: Dialética Negativa; Negative Dialectics
  • Agências de fomento:
  • Language: Português
  • Abstract: Esta pesquisa de doutorado investiga as possibilidades de resistência ao processo de integração entre indivíduo e a sociedade que foram intensificados na transição para o mundo administrado. Para a consecução desse objetivo, acompanhou-se, nas obras de Theodor W. Adorno, em uma delimitação que tensiona duas de suas publicações de grande envergadura a obra escrita em conjunto com Max Horkheimer, Dialética do Esclarecimento, e uma de suas últimas obras publicadas, Dialética Negativa , o movimento histórico do objeto: as transformações econômicas e sociais e seus reflexos sobre o objeto da psicologia, que exigiram uma atualização da teoria, a fim de dar conta dos novos obstáculos ao projeto de emancipação humana. Na passagem do capitalismo concorrencial para o capitalismo da era dos grandes monopólios, fica bloqueada a possibilidade de uma práxis que possibilite uma verdadeira transformação social, exceto aquela ainda assegurada pelo potencial da teoria. Com a práxis política bloqueada, a aposta é no giro copernicano para o sujeito semiformado, que tem suas experiências regulamentadas pelos clichês e estereótipos da pseudocultura, reduzindo sobremaneira a possibilidade de uma consciência crítica de oposição ao sistema, capaz de não apenas afirmar a identidade com o existente. A dialética deve permanecer, portanto, negativa, pois a única forma de afirmação possível nesta sociedade é a negação do todo não-verdadeiro, somente, desse modo, os conceitos mantêm o não-idêntico livredo encanto da identidade. O acerto de contas do pensamento com a liberdade é possível somente por meio da reconciliação da natureza com o espírito. Com a incorporação dos elementos miméticos no pensamento, o não-idêntico pode ser expressado por meio do ensaio filosófico e da linguagem em forma de constelações, saltando qualitativamente da identidade com a força dos próprios conceitos. Mas a resistência possível estaria restrita somente à elaboração conceitual altamente sofisticada, inacessível à dimensão empírica do indivíduo semiformado? Para se relacionar com o objeto sem afirmar-se como subjetividade autocrática e doadora de sentido fixo, o sujeito também deve se reconciliar com a sua própria natureza negada. A relação indissociável entre a dimensão mimética e corporal, tanto na filosofia quanto na dimensão empírica da vida, marca a vinculação indissociável do texto adorniano com um autêntico materialismo com o corpo. Por meio da rememoração e elaboração das nossas marcas de mutilação, é possível insuflar na consciência uma forma de razão que se alie à sensibilidade. O fenômeno da despersonalização, resultado nefasto do fracasso da cultura, poderia propiciar algum contato aberto para a experiência formativa. Ele carrega consigo contradições e uma potencialidade modesta de resistência, posto que quando o indivíduo deixa de ser sujeito, pode também romper com esse falso eu, fixo à identidade, e por isso impotente e conformado. Talvez somente desse modo, considerado o poderavassalador do ajustamento social, o indivíduo poderia se libertar dessa autarquia subjetiva ilusória, superando o eu duramente enrijecido que o culto da personalidade nesta sociedade reforça e produz, e, posteriormente, lograr uma autêntica individuação. Por mais que a dimensão psicológica individual esteja administrada, e o corpo quebrado e dilatado, algo de resistência se apresenta no esclarecimento da componente somática do espírito. Essa esperança reside na possibilidade de o espírito ainda poder sentir; até que ele seja expulso pela razão autoritária. Isso lembra a afinidade que foi esquecida, entre a filosofia e a dimensão não-conceitual e micrológica da experiência humana, sem a qual é impossível um campo verdadeiramente materialista de reflexão sobre a vida. O indivíduo sobrevive no mesmo movimento em que se desintegra, mas é na força do eu, desprendido de falsas pretensões, que se sustenta a potencialidade da consciência e da razão fundamentais ao exercício crítico que abala a falsa sociedade e são o testemunho de que há sempre algo do corpo vivo que nenhum sistema pode capturar
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 27.02.2020
  • Acesso à fonte
    How to cite
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    • ABNT

      RODRIGUES, Pedro Octavio Gonzaga. O indivíduo entre escombros: integração e resistência na dialética de Theodor W. Adorno. 2020. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-28052020-191023/. Acesso em: 23 maio 2024.
    • APA

      Rodrigues, P. O. G. (2020). O indivíduo entre escombros: integração e resistência na dialética de Theodor W. Adorno (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-28052020-191023/
    • NLM

      Rodrigues POG. O indivíduo entre escombros: integração e resistência na dialética de Theodor W. Adorno [Internet]. 2020 ;[citado 2024 maio 23 ] Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-28052020-191023/
    • Vancouver

      Rodrigues POG. O indivíduo entre escombros: integração e resistência na dialética de Theodor W. Adorno [Internet]. 2020 ;[citado 2024 maio 23 ] Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-28052020-191023/

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