Identificação de toxinas e eventos inflamatórios envolvidos na patogênese do envenenamento pela serpente Naja annulifera: contribuição do sistema complemento (2021)
- Authors:
- Autor USP: FRANÇA, FELIPE SILVA DE - ICB
- Unidade: ICB
- Sigla do Departamento: BMI
- DOI: 10.11606/T.42.2021.tde-04052022-155627
- Subjects: SERPENTES; VENENOS DE ORIGEM ANIMAL; TOXINAS EM ANIMAL; ENVENENAMENTO POR ANIMAIS PEÇONHENTOS; IMUNOPROTEÍNAS; INFLAMAÇÃO; FOSFOLIPÍDEOS; METALOPROTEINASES
- Keywords: N annulifera; veneno; reações inflamatórias; complemento; C5aR1; N annulifera; venom; inflammatory reactions; complement; C5aR1
- Language: Português
- Abstract: A serpente Naja annulifera, de importância médica humana e veterinária, é responsável por envenenamentos em países da África Subsaariana. Os acidentes causados por esta serpente são graves e muitas vezes fatais. No entanto, a composição e o modo de ação do seu veneno foram pouco explorados, o que contribui para a baixa eficácia das estratégias terapêuticas. Reações inflamatórias descontroladas são responsáveis por disfunções orgânicas em várias condições patológicas e considerando que por meio da inflamação, os venenos podem causar danos e até mesmo morte, o presente estudo teve como objetivo identificar toxinas e eventos inflamatórios envolvidos no envenenamento pela N. annulifera. Por meio de diferentes abordagens experimentais, foi mostrado que o veneno da N. annulifera apresenta composição proteica diversa, incluindo Cobra Venom Factor (CVF) e proteínas com resíduos de Manose e N-acetilglicosamina. Adicionalmente, foram identificadas hialuronidases, fosfolipases A2 (FLA2s), metaloproteases (SVMPs) e serinoproteases (SVSPs) capazes de degradar componentes da matriz extracelular, fosfolipídios de membrana e o fibrinogênio humano, bem como causar distúrbios hemostáticos. A inoculação subcutânea do veneno promoveu disfunções circulatórias, via degranulação de mastócitos, produção de LTB4 e prostanóides, bem como sinalização via PAFR, culminando em edema intenso. Em modelos de envenenamento experimental sistêmico moderado e severo, o veneno causou, com diferentes intensidades, leucocitose, aumento nas porcentagens de neutrófilos e monócitos, elevação nos níveis de IL-6, CCL2 e TNF-α.Além disso, os camundongos submetidos ao envenenamento experimental grave apresentaram lesão pulmonar hiperaguda (LPA). Empregando diferentes ensaios funcionais detectou-se que os eventos inflamatórios aqui descritos são mediados pelo sistema complemento, uma vez que o veneno causa ativação das vias alternativa, das lectinas e clássica do complemento humano, culminando na geração das anafilatoxinas C3a, C4a e C5a, bem como a formação de sTCC no soro. O veneno promoveu tempestade de mediadores inflamatórios no sangue humano caracterizada pela produção intensa de LTB4, PG2, TXA2, CCL2, CCL5 e CXCL8, dependentes da ativação do complemento por SVMPs, bem como da ativação do eixo C5a-C5aR1. Em camundongos, o veneno foi capaz de promover complementopatia intensa, principalmente nos animais submetidos ao envenenamento experimental grave. A ativação do eixo C5a-C5aR1, no tecido subcutâneo dos animais injetados com veneno, disparou a produção de LTB4, PGE2 e TXA2, os quais foram responsáveis pelo edema. Adicionalmente, a geração de C5a induzida pelo veneno levou a produção da quimiocina CXCL1, juntamente com aumento nos níveis teciduais de MPO. Curiosamente, o aumento nos níveis sistêmicos de IL-6 e CCL2, bem como na porcentagem de neutrófilos induzidos pelo envenenamento experimental moderado demonstraram-se totalmente dependentes da ativação do C5aR1.A sinalização via C5aR1 nos animais submetidos ao envenenamento grave foi a responsável pela leucocitose, neutrofilia, monocitose e LPA. Os dados obtidos neste estudo demonstram que o veneno da N. annulifera é composto por componentes pró-inflamatórios e que o envenenamento é caracterizado por reações inflamatórias hiperagudas, mediadas pela ativação do complemento, mais especificamente do eixo C5a-C5aR1. Assim, o sistema complemento torna-se um possível alvo terapêutico para controlar reações inflamatórias deletérias, associadas ao envenenamento por esta serpente e de outros animais peçonhentos nos quais este eixo possa influenciar a patologia do envenenamento
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- Data da defesa: 23.08.2021
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ABNT
FRANÇA, Felipe Silva de. Identificação de toxinas e eventos inflamatórios envolvidos na patogênese do envenenamento pela serpente Naja annulifera: contribuição do sistema complemento. 2021. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-04052022-155627/. Acesso em: 03 jun. 2024. -
APA
França, F. S. de. (2021). Identificação de toxinas e eventos inflamatórios envolvidos na patogênese do envenenamento pela serpente Naja annulifera: contribuição do sistema complemento (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-04052022-155627/ -
NLM
França FS de. Identificação de toxinas e eventos inflamatórios envolvidos na patogênese do envenenamento pela serpente Naja annulifera: contribuição do sistema complemento [Internet]. 2021 ;[citado 2024 jun. 03 ] Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-04052022-155627/ -
Vancouver
França FS de. Identificação de toxinas e eventos inflamatórios envolvidos na patogênese do envenenamento pela serpente Naja annulifera: contribuição do sistema complemento [Internet]. 2021 ;[citado 2024 jun. 03 ] Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-04052022-155627/
Informações sobre o DOI: 10.11606/T.42.2021.tde-04052022-155627 (Fonte: oaDOI API)
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